Edição: 113
Se alterada a previdência segundo pretensão de Temer, o benefício será de 51% da média dos salários de contribuição mais 1% a cada ano de contribuição, limitado ao teto INSS. Assim, mesmo na hipótese de 49 anos de contribuição, com benefício igual à média, haverá perda. Exemplo: um trabalhador que receba dois salários-mínimos no início da fase contributiva e, ao se aposentar, tenha salário de 3,22 salários, se aposentará com 2,56 salários, perda de 20%. Se o tempo de contribuição for 35 anos, a perda será de 28%.

Previdência: mais perda de renda

Outras das mudanças pretendidas em relação à previdência é a de que o valor do benefício seja desvinculado da evolução do salário-mínimo. Defensores da medida admitem a correção apenas pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Sob tal regra a perda será significativa. No gráfico 2, compara-se o valor do salário-mínimo em janeiro de cada ano, desde 2003, e a hipótese de um benefício equivalente ser corrigido pelo INPC. Nesta situação, o benefício de um salário em 2003 se transformaria em meio salário em 2017.

Recessão e poder de compra

A GloboNews virou piada em razão do comentário econômico, apresentado em 8 de abril, segundo o qual “recessão e desemprego derrubam inflação e devolvem poder de compra”. Embora a jornalista tenha se desculpado no dia seguinte, em verdade ela revelou pensamento da doutrina neoliberal, com a qual se alinha a emissora: o desemprego reduz o dinheiro em circulação. Há menos consumidores – menor demanda – e, com isso, preços mais comportados. Não é à toa que o Banco Central, em seu mais recente relatório de inflação, interpreta positivamente, pela enésima vez, a “distensão no mercado de trabalho”, no caso eufemismo para o desemprego. A queda do PIB marcou mais de 8% nos últimos dois anos.

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