Edição: 8
Bancos batem recorde de rentabilidade, mas empregam cada vez menos. Pesquisa de Emprego Bancário do DIEESE e CONTRAF informa que, de janeiro a setembro de 2014, o sistema financeiro cortou 3.325 postos de trabalho. Das instituições destacadas, apenas a Caixa contratou mais do que demitiu, com saldo positivo de 1.978 novas vagas.
>> Clique aqui e leia a pesquisa de emprego bancário elaborada pelo Dieese e pela Contraf.
Financiamento de veículos
A Caixa firmou, em 29 de outubro, acordo com a Federação Nacional de Veículos Automotores (FENABRAVE) para garantir “mais fôlego ao financiamento de automóveis e motos novos e usados neste fim de ano”. A Caixa pretende ampliar sua fatia de mercado. Nada contra. O setor oferece muitos postos de trabalho (montadoras, autopeças, transportadoras, revendedoras) e a participação do banco nessa linha é de 10%.
Mas vale a observação: o país, criado sob o signo dos pneus de JK, teve sua frota elevada 138% de 2002 a 2013. Naquele ano, a proporção era de 0,20 veículo por habitante. Em dezembro passado, 0,41. São Paulo, com 24 milhões de veículos, é dono de 30% da frota do país.
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CAIXA e Fenabrave se unem para estimular venda de automóveis e motos
Banco vai oferecer crédito para compra de novos e usados com taxas abaixo do mercado e primeira prestação para depois do carnaval
Brasil, Finanças
A CAIXA garantirá mais fôlego ao financiamento de automóveis e motos novos e usados neste fim de ano, modalidade que responde por 70% das vendas de veículos no país. O movimento vai na contramão de outros grandes bancos, que reduziram consideravelmente a oferta de crédito para o segmento este ano.
Pelo acordo assinado com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) nesta quarta (29), a CAIXA e seu braço Banco PAN irão oferecer crédito com taxas de juros baixos e o pagamento da primeira parcela apenas em 1º de março, depois do carnaval de 2015.
As taxas promocionais do Salão Auto CAIXA, que terminariam no final de outubro, foram prorrogadas até 31 de dezembro. Elas partem de 0,93% para clientes da CAIXA e de 0,99% no Banco PAN, contra uma média de mercado de 1,5%, segundo levantamento do Banco Central.
O vice-presidente de Negócios Emergentes da CAIXA, Fábio Lenza, afirmou que expectativa do banco é emprestar R$ 1,6 bilhão entre novembro e dezembro. A conta inclui a projeção de negócios fechados na edição do Salão Auto CAIXA, programada para o início de dezembro.
Para Fábio Meneguetti, presidente da Fenabrave – que representa 7 mil concessionárias – a injeção de crédito da CAIXA deve resultar na comercialização adicional de 50 mil veículos. O acordo ajudará a desafogar os estoques das concessionárias, que chegam a 50 dias de vendas, o dobro do nível considerado normal, e estimulará o setor.
“É importante destacar ainda o esforço e o compromisso da CAIXA no apoio ao setor automotivo ao manter suas taxas de juros em meio ao comportamento volátil do mercado financeiro”, disse Meneguetti. A maior oferta de crédito somada ao apelo do IPI reduzido, que acaba em dezembro, deve baixar os estoques para 25 a 40 dias de vendas em janeiro.
Somadas, as carteiras da CAIXA e do Banco PAN já representam 10% do mercado de financiamento brasileiro de veículos. Desde 2012, o crescimento foi de 76% no segmento pessoa física e de 250% na pessoa jurídica. A meta da CAIXA é se posicionar entre as três maiores instituições nesta modalidade de crédito.
“A entrada da CAIXA no segmento de financiamento de veículos é definitiva. Temos disposição e recursos para emprestar ao setor”, afirmou Lenza.
O presidente do Banco PAN, José Acar, ressaltou que a carteira de veículos é a maior da instituição – e deve seguir crescendo. O banco é líder de mercado, por exemplo, em volume de financiamento para motos.
A estratégia de expansão inclui a contratação de 400 profissionais apenas para o segmento de veículo, que substituirão promotores. “Esperamos, assim, aumentar o controle da operação e oferecer um melhor serviço aos nossos clientes”, ressaltou Acar.
A edição de setembro do Salão Auto CAIXA, realizada em parceria com o Banco Pan, respondeu por uma alta de 18% do crescimento total dos novos emplacamentos no país para o mês. De acordo com o superintendente nacional de veículos, Jorge Pedro de Lima Filho, mais de R$ 254 milhões foram negociados em carros e motos, novos e usados no período.
Taxa de juros
Sob o argumento de que “a intensificação dos ajustes de preços relativos da economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável”, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil elevou a taxa básica de juros (SELIC) de 11% a 11,25%, o que a iguala àquela do início do governo Dilma, janeiro de 2011. Desde então, a maior taxa foi 12,5%, em junho daquele ano, e a menor, 7,25%, de outubro a março de 2013.
A taxa básica de juros é referência especialmente para a dívida pública e operações de crédito em instituições financeiras. Em teoria, taxa mais elevada provoca a redução da demanda por produtos e serviços, por um lado por incentivar a poupança e, por outro, pelo encarecimento do crédito em financiamentos. Críticos da alternativa de combate à inflação pela elevação da taxa básica argumentam que, com baixo crescimento e demanda contida, a elevação é contraditória. Teria mais efeito medidas como redução do prazo para contratação de financiamento.
De uma outra forma, detentores de títulos públicos comemoram. O Tesouro Nacional informa que a dívida pública federal mobiliária interna em setembro de 2014 alcançou R$ 2,183 trilhões. Desse total, 18% correspondem a títulos indexados à taxa SELIC. A elevação de 0,25% representaria, no montante em SELIC, mais R$ 71,1 bilhões.