Recentemente a 8ª turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (São Paulo) divulgou resolução unanime garantindo a Adrianne Beltrame, empregada da Caixa lotada na Gihab/SP, o direito a jornada de trabalho reduzida de 8 para 4 horas diárias (20 horas semanais), sem diminuição do salário, para dedicar-se aos cuidados ao filho Fernando, de 4 anos, diagnosticado há dois anos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
A Caixa cumpre a determinação judicial – que vale por um ano – desde julho de 2017, quando saiu a primeira sentença, que prevê multa à empresa em caso de descumprimento de R$ 150,00 por dia ao empregador, limitada a R$ 50 mil reversíveis à trabalhadora.
“Foi uma vitória pessoal, mas que representa uma possibilidade para outras mães e outros pais que vivem esta situação. Agora consigo dedicar-me mais ao tratamento do meu filho”, afirma a empregada da Caixa.
Esta relação de amor, cuidados e estímulos trouxe para a vida de Adrianne um novo sentido. Ela vive a doação na mais plena tradução da palavra, conta que Fernando é o primeiro e único filho e que por não conviver muito com crianças, foi aprendendo na prática as fases de desenvolvimento de um bebê e observando as brincadeiras do filho. “Agora acompanho com atenção cada evolução dele”, conta emocionada.
A caminhada – Adrianne percebeu que algo estava diferente com filho quando o menino, com 1 ano e 9 meses, ainda não falava, não atendia mais quando era chamado pelo nome e deixou de fazer algumas coisas que já tinha aprendido. “Observei que ele estava regredindo, começou a ficar mais quieto, balançava as mãos aleatoriamente. Foi quando o pediatra encaminhou para o neurologista e iniciamos o processo”.
O médico Wanderley Domingues, presidente do Centro Pró-Autista, que cuida do Fernando, afirma que “quanto mais cedo for feito o diagnostico e providenciada uma intervenção, melhor é a evolução da criança”.
Mais tempo – A empregada da Caixa conta que o tempo concedido por meio da Justiça trouxe bons resultados no dia a dia do filho. “Ele me espera chegar do trabalho, faz várias atividades comigo, eu o acompanho nas terapias e a gente fica mais tempo juntos”.
Abandonar o trabalho para se dedicar ao filho foi uma possibilidade que passou pela cabeça de Adrianne, porém, é com essa remuneração que ela custeia todo o tratamento.
O tratamento de Fernando consiste em sessões com psicólogo, fonoaudiólogo, aulas de música, natação e consultas periódicas em especialistas.
Adrianne diz que no ambiente de trabalho, na Gihab/SP, os colegas compreendem a situação, apoiaram e são solidários. “Não tive nenhum problema, especialmente com relação a redução de jornada”.
Saúde Caixa – Estudos da Associação Brasileira de Autismo mostram que no Brasil há dois milhões de autistas, quatro crianças portadoras do autismo para cada mil nascimento.
O tema foi debatido no Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) realizado em 2017, na cidade de São Paulo.
A empregada da Caixa Camila Lustig Conde Garcia, da Giret Cuiabá, mãe de um menino de 16 anos portador de TEA, explanou quanto a importância de se criar campanha de conscientização dentro da empresa.
Além disso, a empregada destacou a necessidade dos pais e mães, empregados da Caixa, se unirem para lutar por mais assistência no Saúde Caixa, com a inclusão de bons especialistas nesta área.
Camila conta que a tentativa de cadastrar profissionais ao Saúde Caixa foi frustrante. “A situação é séria pois falta padronização nos processos dentro das GIPES e há um desconhecimento do assunto”, afirma.
“Lutamos pelo fortalecimento da rede própria do Saúde Caixa e pela inclusão de bons profissionais. Estes são nossos objetivos, fortalecer o nosso plano de saúde com a participação de todos”, reforça a diretora da APCEF/SP e membro do Conselho de Usuários do Saúde Caixa, Ivanilde de Miranda.