“C053506-6!”

“É assim que você se chama agora novato!”, um colega da Caixa brincou quando foi pedir a senha de acesso de um sistema para mim, há 20 anos. “Agora você não tem nome, você é um número!”. Na época, achei engraçado o tom ácido do colega.

Mas não, não é esse número que conta no banco da matemática! É o número de cartões que você vende, o montante de empréstimo que você concede, as contas de pessoas jurídicas que você abre, quanto você “pesa” na folha de pagamento.

Perdemos mais de 20.000 empregados nos últimos anos por conta de aposentadoria e demissões voluntárias. Foram contratados pouco mais de 4.300 por força de uma liminar na justiça. Liminar que a direção recorreu e perdeu!

Em meio a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, uma crise de segurança alimentar e desemprego recorde, o banco da matemática está preocupado em reduzir a folha de pagamento. Mas qual o valor do emprego e do salário para essas “4.300” ?

Quatro mil e trezentas o quê?

PESSOAS!

Mulheres, estudantes, disciplinados, negros, irmãs, orgulhosos, bacharéis, destemidos, corajosas maridos, sonhadores, tímidos, filhos, criativos, amantes, músicos, mães… PESSOAS! VIDAS! Gente que pode ser tanta coisa que não dá pra enumerar! Seres humanos, tão complexos, ricos e maravilhosos que não dá para mensurar seu valor!

Porém, os gênios da matemática, Seu Pedro, Dona Girlana ainda conseguem errar até nos seus preciosos números! Não sabem a diferença de 3% para 4%! E inventaram uma tabela pra justificar o absurdo, onde 80% é 80% mas 125% é 100%. Pode?

E com mais de 4.000 mortes por dia, o banco da matemática quer chamar os colegas da TI para o trabalho presencial. “Que calculo é esse, Pedrinho”?

Se o banco da matemática pudesse calcular o valor da vida, só haveria meta de pagamento de auxilio-emergencial e de redução de contaminação e mortes entre os empregados Caixa.

Vidas importam, Pedro! E seu valor é incalculável.

Por Danilo Perez – bancário da Caixa da zona leste de São Paulo, dirigente FETEC.

Compartilhe: