Da agência Fenae e Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

A liberdade de imprensa levou um duro golpe com recente despacho do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibiu a distribuição do primeiro número da “Revista do Brasil” por qualquer meio, sob pena de multa, produzida por 23 dos maiores sindicatos do País e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). O pedido partiu do PSDB e do PFL e teve como alvo a matéria de capa da publicação, que trouxe foto de Lula e a indagação sobre o segredo do presidente, que segundo a “Revista do Brasil” não teve a sua liderança abalada, apesar de um ano de bombardeios na mídia e no Congresso Nacional.
A medida do TSE causou protestos em todo o País, sobretudo por contrariar princípios democráticos. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, uma das entidades responsáveis pela publicação, divulgou nota informando que a “Revista do Brasil” não tem nada de eleitoreira e ofensiva, pois traz também matérias sobre comportamento, saúde, futebol e dicas culturais.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijóo, outra entidade que patrocina a revista, criticou a decisão do TSE e disse que “revistas como IstoÉ, Época e principalmente Veja fizeram capas extremamente ofensivas ao Presidente da República, ao PT e, muitas vezes, fazem isso também em relação aos sindicatos e aos trabalhadores e são tratados dentro dos parâmetros da liberdade de imprensa”.
A CUT e os sindicatos que patrocinam a “Revista do Brasil” vão tentar que o TSE faça uma nova leitura sobre a suspensão da circulação da revista. O entendimento é que, se o argumento for válido, é preciso fechar praticamente todos os veículos da grande imprensa, a exemplo da Veja e da Folha de São Paulo, que comumente plantam notícias desqualificando a gestão Lula e até mesmo colocando em dúvida o caráter do Presidente.

REVISTA DO BRASIL
A “Revista do Brasil” é produzida por 23 dos maiores sindicatos do País e pela CUT. Nasceu da fusão de diferentes projetos mantidos por algumas dessas entidades. Foi lançada em maio com o intuito de fazer chegar aos cerca de 360 mil associados a esses sindicatos informação de qualidade apresentada sob a ótica dos trabalhadores.
Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a iniciativa incomodou quem sempre teve espaço de sobra para relatar as coisas do seu jeito. Durante toda a década passada, a população assalariada sofreu com a instalação de uma política neoliberal no País. A privatização é um exemplo dessa situação.
Uma série de empresas públicas foi vendida – principalmente nos setores energético e das telecomunicações – trazendo enorme prejuízo ao Brasil e aumentando a já grave crise de desemprego. Petrobrás e Banco do Brasil correram risco.
Do ponto de vista da categoria bancária, a situação foi dramática durante o governo tucano. Além das privatizações realizadas, como a do Banespa e do Banerj, os funcionários dos bancos públicos amargaram anos seguidos de reajuste zero e retirada de direitos.
Nos últimos anos, muita coisa mudou. O movimento sindical ganhou respeito e representatividade. Não por acaso, mais de 80% dos acordos coletivos repuseram a inflação ou alcançaram aumento real de salários. Especificamente nos bancos públicos, a negociação passou a ser realizada diretamente com os representantes legítimos dos trabalhadores, o que garantiu conquistas significativas.
Mas, além dos veículos de comunicação próprios dos sindicatos, muito pouco ou quase nada pôde ser lido a respeito dessas coisas.
“É evidente que os trabalhadores são os que mais sentem na pele essa falta de divulgação para suas causas” – explicou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino. “Por isso criamos a revista, com o objetivo de levar, a uma grande parcela da população, informações que outros veículos de grande circulação não trazem. E por isso a coligação que representa o poder dos patrões quer calar essa possibilidade. Mas vamos lutar, como sempre lutamos, para que isso não aconteça. A Revista do Brasil é um patrimônio dos trabalhadores e ela vai continuar levando informação de qualidade a todos. Ninguém vai calar nossa voz” – completou.

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