Valor Econômico (Agência Fenae)
A Caixa Econômica Federal obteve lucro líquido de R$ 1,344 bilhão no primeiro semestre, um crescimento de 43% em relação ao resultado do mesmo período de 2005.
O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido final é de 34,38%, e o índice de Basiléia ficou em 25,72% em junho.
Apesar dos esforços da Caixa para ampliar o crédito, a maior parte das receitas continua a vir da carteira de títulos públicos. Os ativos de tesouraria, que somam R$ 66,216 bilhões, proporcionaram uma receita de R$ 7,755 bilhões no semestre, ou 43% da renda total do banco.
As receitas de operações de crédito, que somaram R$ 4,259 bilhões, responderam por 24% das rendas totais do banco. A participação do crédito nas receitas totais do banco registraram expansão de dois pontos percentuais de 2005 para 2006.
No saneamento financeiro feito em 2001, o Tesouro fez um pesado aporte de recursos, com títulos públicos, e transferiu créditos de difícil recebimento para a Empresa Gestora de Ativos (Emgea). Essas operações reduziram a carteira de crédito da Caixa, ampliando o volume de títulos públicos. Nos últimos anos, a Caixa vem fazendo esforços para aumentar o crédito. No primeiro semestre, sua carteira chegou a R$ 42,023 bilhões, expansão de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Neste ano, o crescimento da Caixa tem se concentrado sobretudo nos segmentos de pessoas jurídicas e de habitação.
A participação dos empréstimos às empresas na carteira da Caixa passou de 13% para 15%, sempre na comparação entre o primeiro semestre de 2005 e de 2006, enquanto que os financiamentos imobiliários subiram de 54% para 56% no período.
Junto com a expansão de crédito, porém, subiu a taxa de inadimplência nas operações a pessoas jurídicas, de 4% para 8%. “Esse percentual de inadimplência ainda se encontra na faixa admissível para o banco” – afirmou o vice-presidente de controladoria da Caixa, João Dornelles.
O dado negativo na demonstração do resultado é o aumento das despesas com pessoal, que se expandiram 20% de junho de 2005 para junho de 2006, para R$ 3,045 bilhões. Dornelles diz que dois fatores explicam a expansão: o acordo coletivo com os empregados da Caixa no ano passado, que representou um aumento de 8% na folha; e a contratação de novos funcionários.
A Caixa, de acordo com ele, contratou 10,9 mil empregados entre 2005 e 2006, para possibilitar a abertura de novas agências (os planos são abrir 500 novas unidades), para suprir a deficiência de pessoal em algumas áreas e para substituir mão-de-obra terceirizada, atendendo a acordo fechado na Justiça. Ainda restam 8.542 terceirizados a serem substituídos e já existe aprovação do Tesouro para a contratação de 2.124 empregados em 2006.
As receitas com prestação de serviço cresceram a uma velocidade mais baixa que a despesa de pessoal, de 11%, chegando a R$ 2,746 bilhões. Com isso, o índice de cobertura das despesas de pessoal com as receitas de prestação de serviços recuou de 96,88% para 89,73% entre junho de 2005 e de 2006. A contratação de empregados próprios para substituir terceirizados não impediu que as demais despesas administrativas crescesse 10%, para R$ 2,149 bilhões. Assim, o índice de cobertura de despesas administrativas com receitas de prestação de serviços recuou de 54,76% para 52,6% no período.