No ínicio de julho, representantes da APCEF/SP visitaram algumas agências vinculadas à Superintendência Regional Ipiranga com o objetivo de averiguar os procedimentos adotados na chamada triagem de clientes na porta das unidades, de conversar com os empregados sobre as condições de trabalho e de saber a opinião dos usuários sobre o atendimento.
Nas visitas, constatou-se que:
– com a adoção da triagem de clientes nas agências – que consiste em redirecionar os usuários para o autoatendimento, as casas lotéricas e os postos de atendimento bancário -, muitos trabalhadores têm sido impedidos de receber seus benefícios, como o seguro-desemprego, diretamente no caixa da unidade. Os empregados simplesmente preenchem o formulário que solicita a emissão do Cartão do Cidadão e orientam os trabalhadores a utilizar outros postos de atendimento para satisfazer suas demandas;
– a extrapolação da jornada de trabalho tem sido constante. Empregados relataram que muitos deles têm saído da agência depois das 20 horas todos os dias. Tal situação teria sido agravada depois da integração das retaguardas com as unidades;
– as unidades vinculadas à SR Ipiranga estariam focando a área comercial em detrimento da social, desviando-se do real objetivo de um banco como a Caixa, que é responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas do governo federal.
Logo após as constatações, em 13 de julho, a APCEF/SP encaminhou ofício à SR Ipiranga cobrando um posicionamento.

• Resposta da SR Ipiranga
No último dia 20, o superintendente regional da SR Ipiranga, Sérgio Henrique Cançado, encaminhou documento em resposta à Associação, o qual, na verdade, não esclarece os itens apontados pela entidade.
No documento, limitou-se a afirmar que a triagem visa a uma melhoria da qualidade do atendimento, potencializando os canais “alternativos”, como lotéricas, por exemplo.
Para o superintendente da SR Ipiranga, os problemas causados pela integração das retaguardas com as agências – entre eles, a extrapolação constante da jornada de trabalho – são temporários e inerentes ao que ele chama de “fase de transição”.
Em relação à priorização da área comercial em detrimento da social, o superintendente afirma, no documento, que “a premissa do projeto para o autoatendimento é a integração do banco social com o banco comercial, visto que a área social representa uma grande oportunidade para a expansão da base de clientes e de novos negócios”. 

• Posicionamento da APCEF/SP
Para o diretor-presidente da APCEF/SP, Sérgio Takemoto, as “explicações” dadas pelo superintendente são incoerentes.
“Como podemos falar em melhoria de atendimento se clientes têm sido barrados na porta das unidades? Como podemos falar em condições de trabalho dignas em um ambiente em que as horas extras são constantes e o número de empregados, insuficiente? Como falar em oportunidade de negócios quando o papel como banco executor de políticas públicas sequer tem sido focado?” – indignou-se Takemoto. “É necessário que os gestores da Caixa conheçam melhor a realidade das agências” – finalizou.

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