A vida é a melhor escolha! Com esse lema, o Setembro Amarelo, que ocorre desde 2014 no Brasil, engloba uma série de ações de prevenção ao suicídio, em especial baseadas na difusão de informação. Segundo os responsáveis pela iniciativa, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), essa é a maior campanha antiestigma do mundo.
Esta sexta-feira (10) é o Dia Internacional de Prevenção ao Suicídio, no entanto as entidades ligadas ao tema atuam o ano todo, de modo contínuo, para desestimular qualquer risco, pois o volume de casos mostra que se trata de uma questão que afeta todas as sociedades.
Conforme a última pesquisa sobre o tema, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, são registrados mais de 700 mil casos por ano em todo o mundo, mas estima-se que esse número seja de até 1 milhão. No Brasil, são notificados cerca de 14 mil por ano, ou seja, 38 pessoas em média cometem suicídio por dia no país.
Como ajudar – Todas as pessoas devem atuar na prevenção do suicídio. Essa postura nem sempre é fácil de ser adotada, pois o assunto ainda é visto como um grande tabu. Conforme orientações das entidades médicas, como a APD, o CFM e a OMS, a primeira e principal iniciativa pessoal para isso é informar-se.
Como o pensamento de uma pessoa que está considerando se matar passa a ser controlado por seu sofrimento emocional, é fundamental que quem está próximo dela consiga identificar essa sua condição, saiba ouvi-la sem julgamentos, demonstre empatia e possa encaminhá-la aos cuidados de um psiquiatra, que é o profissional capaz de salvá-la.
Várias publicações ajudam nesse processo, como as cartilha Suicídio: informando para prevenir, do CFM, e Prevenção ao suicídio e promoção da vida, do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários). Para divulgar e participar da campanha do Setembro Amarelo deste ano, conheça as diretrizes da APB e do CFM.
Bancários e bancárias – A categoria bancária é uma das que apresentam alto índice de suicídio no Brasil. Entre 1993 e 1995, por exemplo, quando ocorreram várias privatizações e reestruturações no setor, foram registrados 72 suicídios entre bancários, ou seja, um a cada 15 dias. Outro levantamento, mostra que de 1996 a 2005 foram 181 casos, ou um a cada 20 dias.
O documentário 4 Contos, a tragédia por trás do lucro, produzido pelo SindBancários e disponível no Youtube, trata da questão especificamente dentro da categoria. A produção é baseada em testemunhos de bancários que estiveram próximos à decisão extrema de pôr fim à própria vida e mostra com bastante realismo como a pressão no ambiente de trabalho está relacionado ao suicídio.
“Nós, bancários, somos muito cobrados no trabalho por resultados abusivos, metas inatingíveis, assédio moral, o que causa um profundo sentimento de insegurança, medo e solidão”, afirma o secretário de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles.
Pesquisa sobre sequelas da covid-19, desenvolvida pela Contraf-CUT, mostrou, por exemplo, que 67,1% dos bancários e bancárias sentem quase o tempo todo a cabeça cheia de preocupação e que 45% nunca ou quase nunca se sentem alegres.
“As consequências dessa opressão podem ser observadas pelo forte aumento de afastamentos na categoria por problemas psíquicos, que, nos últimos anos, superou inclusive as ocorrências de lesão por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/Dort)”, continua o secretário. “Essa situação de estresse pode ser tão intensa, que o trabalhador se sente encurralado, a ponto de ser levado ao suicídio”, conclui.
Seminário – Nos próximos dias 12, 13 e 14, das 9 às 18h, será realizado o 2º Seminário Sofrimento Mental e Suicídio: Estratégias de Enfrentamento no Trabalho, organizado pelo Ministério Público do Trabalho e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio da Contraf-CUT e de diversas outras entidades. O evento será transmitido ao vivo pelo canal do Youtube do MPT de Campinas.