O único saldo positivo da última rodada de negociações específicas, realizada em 24 de fevereiro, foi o compromisso de a direção da Caixa criar uma comissão de trabalho para discutir a questão da redução da jornada para os ocupantes de cargos técnicos e de assessoramento, adiando, assim, a implantação de uma medida que havia sido anunciada para entrar em vigor em 1º de março.
A comissão de trabalho será formada por representantes da Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) e da empresa. A primeira reunião do grupo está agendada para os dias 2 e 3 de março, em Brasília. Depois do encontro, tanto os pontos de consenso quanto os que não tiverem acordo serão remetidos para a mesa de negociações específicas.
A representação dos empregados reafirmou, na reunião do dia 24, a reivindicação da jornada de seis horas para todos os trabalhadores, sem a redução salarial. “Não assinaremos acordo aditivo no qual conste diminuição dos salários ou ampliação da jornada de trabalho”, disse a representante da CEE-Caixa e diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Jackeline Machado. “Seis horas sim, redução de salários não”, completou.
Outros assuntos estiveram, também, em pauta no encontro, como Participação nos Lucros e Resultados (PLR), Plano de Cargos e Salários (PCS), condições de trabalho, reestruturação das RETPVs e das filiais.
• Promoção por mérito
A falta de comprometimento da direção da Caixa fica mais evidente ainda quando o assunto passa pela definição de critérios de avaliação de desempenho para a promoção por mérito no âmbito do PCS, relativos a 2009.
A empresa ficou de analisar a proposta dos representantes dos empregados na comissão do PCS à respeito da distribuição dos deltas, mas, até o momento, nenhum posicionamento foi dado pelo banco, o que pode impactar negativamente no processo – já que o mesmo está atrasado -, causando prejuízos aos trabalhadores.
• Reestruturação das RETPVs e filiais
Um dos assuntos que mais tem preocupado os empregados nos últimos tempos é a intenção da Caixa de reestruturar as retaguardas das unidades e, também, as filiais.
O motivo da preocupação tem histórico na empresa: falta de informação por parte da diretoria do banco.
O que se sabe, até o momento, é que a direção do banco pretende “enxugar” as filiais, com a concentração de atividades em 78 Representações de Suporte ao Negócio (RSNs) em todo o País. O que é certo, porém, é que essa reestruturação acarretará extinção de funções e mudanças de lotação, situações responsáveis pelo alto grau de insegurança nos empregados dos setores envolvidos.
Além do problema que afeta diretamente os empregados lotados nessas áreas, a mudança poderá comprometer, ainda, os serviços prestados por elas, como é o caso das Gerências de Filial de Pessoas (Gipes), que, de acordo com boatos, passariam das atuais 15 para 5 em todo o País.
A representação dos empregados cobrou a apresentação do novo modelo para as filiais e, também, a possibilidade de opinar sobre o processo. A Caixa comprometeu-se a encaminhar o pedido para a área técnica.
“Cobramos da Caixa seriedade e transparência nos atos de gestão que irão interferir na vida profissional de todos nós”, finalizou Jackeline Machado.
A diretoria da APCEF/SP encaminhará um documento à Geopi e à Suret, em Brasília, pedindo, além de esclarecimentos sobre o novo modelo envolvendo as RETPVs e filiais, respeito aos empregados, que estão alheios ao assunto e, sobretudo, inseguros quanto ao seu futuro na empresa.
“Essa ‘dinâmica’ da Caixa de divulgar mudanças de grande porte – como a reestruturação – e não deixar claros os meios e os fins de tais alterações aumenta, ainda mais, a tensão nas unidades. E pior: transmite um ar de insegurança aos empregados, que ficam sem perspectivas profissional e financeira”, disse o diretor-presidente da APCEF/SP, Sérgio Takemoto.
• PLR
Na reunião do dia 24, a direção da Caixa propôs a deflagração de debates sobre o formato de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para 2010.
O assunto será discutido já a partir da próxima rodada de negociação, ainda sem data definida.
Os representantes dos trabalhadores reivindicaram, ainda, a antecipação do pagamento da segunda parcela da Participação nos Lucros e Resultados, já que o banco divulgou seu balanço no último dia 12, mostrando lucro em 2009 de R$ 3 bilhões, ultrapassando as previsões da própria empresa.