A proposta apresentada na noite da quarta-feira (28) não traz vantagem alguma para os trabalhadores. Significa arrocho salarial. Afinada com a política do governo Temer, os bancos querem reduzir o custo do trabalho. “Não reduz nominalmente o salário, mas diminui o poder de compra”, enfatizou a diretora da APCEF/SP Ivanilde de Miranda.
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Depois de dois dias de debates, a federação dos bancos (Fenaban) insistiu na manutenção do reajuste de 7% para 2016. O índice nem sequer repõe a inflação projetada do período, de 9,62% (INPC). No menor salário pago pela Caixa, R$ 2.429,00 segundo balanço do banco de 2015, a perda seria de R$ 77,05 já no primeiro mês. Em 13 meses (contabilizando o 13º salário, mas sem contar os reflexos nas horas extras, FGTS e férias), engoliria o abono de R$ 3.500 no piso e, quanto maior o salário, mais rapidamente o abono irá embora.
Proposta por dois anos – A proposta completa de dois anos, rejeitada pelo Comando Nacional dos Bancários na mesa de negociações, foi a seguinte: reajuste de 7% para 1º de setembro de 2016, mais pagamento de abono de R$ 3.500 e, em 1º de setembro de 2017, aumento de 0,5% acima do INPC acumulado de setembro de 2016 a agosto de 2017.
“Além de impor a perda, banqueiros e governo querem que cada trabalhador engula agora e não reclame nem no ano que vem”, ressaltou Ivanilde. Em outras palavras, discussão salarial e de benefícios só em agosto de 2018.
Com reajuste abaixo da inflação este ano, os bancos ficam devendo para os trabalhadores ainda um adicional de 2,96% para empatar com a inflação. Em 2017, segundo a proposta da Fenaban, receberiam o reajuste da inflação mais 0,5% de aumento real. “O que nem repõe a perda que será carregada este ano. Seria necessário pelo menos mais 1,94% de reajuste”, reforçou a diretora.
Confira, no quadro abaixo, as perdas se a proposta fosse aceita:
1 – Fonte: Caixa Econômica Federal – Demonstrações financeiras 2015, menor salário pago a um empregado no ano
2 – De outubro de 2016 a agosto de 2017 INPC estimado
Abono – importante lembrar que o abono é dinheiro na mão do bancário, mas não é remuneração. É pago uma única vez e não incide nas férias, 13º salário, FGTS, vales, auxílios e previdência.
“E tem mais: a proposta da Fenaban não trouxe qualquer avanço em reivindicações de saúde, condições de trabalho ou manutenção de emprego”, lembrou Ivanilde. “Os vales alimentação, refeição e o auxílio creche também seriam reajustados em 7%, abaixo da inflação, quando os gastos com esses itens subiram em média 14%”, reforçou.
Caixa – na rodada de negociações com a Fenaban não são discutidos itens específicos dos trabalhadores da Caixa, como pagamento da PLR Social, RH 184, déficit da Funcef e Saúde Caixa.
Esses assuntos são debatidos pelo Comando Nacional dos Bancários com a direção do banco público nas negociações específicas. Nas rodadas que já ocorreram, a Caixa apenas ouviu as reivindicações dos bancários, não apresentou qualquer proposta. Também não há previsão de nova reunião por enquanto.