Da CNB/CUT

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Vantuil Abdala, reuniu-se informalmente com representantes da Executiva Nacional dos Bancários – a convite do próprio ministro -, e reafirmou que a Justiça do Trabalho não pretende intervir na greve e que vai ajudar os trabalhadores a conseguir a reabertura das negociações com os banqueiros.
“O ministro disse que vai chamar a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para uma conversa no dia 1º de outubro, em Brasília, e que vai pedir a reabertura das negociações para segunda-feira, dia 4. O encontro foi muito importante, pois a opinião do ministro vai ao encontro dos anseios dos bancários” – disse o presidente da Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT) e coordenador da Executiva Nacional, Vagner Freitas.
O presidente do TST ainda criticou as decisões dos Tribunais Regionais, que julgaram abusiva a greve dos bancários em São Paulo, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Mato Grosso. “O ministro Vantuil Abdala disse que não é com decisões regionais que vamos resolver o impasse desta greve. Destacou que os bancários são uma categoria organizada nacionalmente e com uma negociação nacional. Então que a solução deve se dar nacionalmente e, no entender do próprio ministro, de maneira negociada, sem a interferência da Justiça” – relatou Vagner.
O ministro ainda elogiou a maturidade do movimento sindical bancário. Disse que entende “as preocupações” dos trabalhadores e ressaltou que a melhor solução para o impasse é a negociação. “De minha parte, não pretendo marcar nenhum julgamento de dissídio, até porque não fui provocado para isto. Mas o que posso fazer pelos bancários é conversar com a Fenaban e pedir para os banqueiros que voltem a negociar” – antecipou o ministro.
Para Vagner Freitas, esta intervenção de Vantuil Abdala é extremamente importante para os bancários. “Nossa conversa com o TST foi muito produtiva, pois o ministro concorda com a gente de que a negociação é a saída e que o dissídio não interessa. Agora, esperamos que a Fenaban deixe sua intransigência de lado e reabra imediatamente as negociações. Esta greve só está se alongando para a terceira semana por causa dos banqueiros” – disse Vagner.
Os bancários ainda reclamaram para o ministro dos interditos proibitórios e da truculência da polícia que usa da violência para conter os grevistas.
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista do presidente do TST, feita pela própria assessoria de Imprensa do Triubunal:

• O senhor vai procurar a Fenaban para tentar uma mediação nesse impasse dessa greve dos bancários?
• Sim. O objetivo nosso é exatamente esse. A nossa preocupação é que a greve chegou a um ponto perigoso e delicado, com o distanciamento entre ambas as partes. É o que está ocorrendo nos últimos dias. Quando isso acontece, há uma tendência das partes de radicalizar, a cada uma firmar uma posição e não ceder. Para nós, o mais importante é que haja a reabertura do diálogo. As lideranças sindicais estão dispostas a retomar a negociação. Eles estão conscientes que devem ceder em alguma coisa, mas estão também com a convicção de que o outro lado tem que ceder. Os bancários reafirmaram que não retornarão ao trabalho se não houver a composição. O nosso objetivo é ter um diálogo com a classe patronal – com a Fenaban e com os bancos públicos – para uma troca de idéias. Nós cremos que essa conversação em particular com cada uma das categorias nos dá condição de fazer uma avaliação melhor do conflito para que, logo em seguida, possa haver a promoção de uma reunião em conjunto.

• O senhor vai mediar essa negociação aqui no TST?
• Veja bem, isso tudo, insisto, é uma participação informal. Não há um dissídio coletivo no TST, não uma participação oficial. Eu deixei bem claro a eles que eu estava naquela reunião não como um juiz ou como presidente do Tribunal Superior do Trabalho, mas apenas fazendo uma tentativa informal de aproximação das partes. Vou entrar em contato com a Fenaban e com a direção dos bancos públicos da mesma maneira, nesta mesma condição. Parece-nos ideal que eles consigam negociar sem a nossa participação. Mas, se eles entenderem que há uma conveniência da nossa participação, participaremos com muito prazer e, se acharem conveniente, essa reunião se dará aqui no próprio Tribunal. Isto eu vou verificar com a Fenaban e vamos resolver se iremos fazer esta reunião final aqui no TST ou em outro local.

• Como o senhor avalia a decisão do TRT paulista?
• Naturalmente não cabe ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho fazer avaliação de decisões dos Tribunais Regionais, mas uma questão é evidente: é inconveniente que haja a tentativa de soluções regionais, que não vão levar à solução alguma. A solução tem de ser mesmo global. E o ideal é que ela seja negociada. Eu insisto nisso: é preciso que ambas as partes tenham a boa vontade de ceder em alguma coisa para chegar a um ponto comum. E essa é a nossa esperança.

• Foi feita uma proposta alternativa nessa conversa que eles tiveram com o senhor?
• Nesta reunião, nós nos limitamos a ouvir. Na reunião de 1º de outubro com a Fenaban nós vamos ouvir mais um pouco. Precisamos ouvir mais um pouco para ver se podemos dar uma colaboração no sentido de abrir caminho para a aproximação. Sentimos que está difícil porque a distância está grande, mas temos que buscar, de todas as maneiras, o caminho para aproximação das partes e uma proposta que atenda aos dois lados. Eu tenho esperança de que isso vai acontecer.

• O senhor conversou, em 29 de setembro, com o presidente Lula sobre esse assunto?
• Não chegamos a falar sobre isso. Eu tenho conversado quase todos os dias com representantes de ambos os lados – com o ministro do Trabalho, com o presidente do Banco do Brasil, com o presidente da Caixa Econômica Federal, com deputados ex-sindicalistas e com o presidente da Contec – para uma troca de idéias, mas com o presidente da República não houve nenhuma conversa sobre o dissídio dos bancários.

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