Qual a real intenção por trás da reforma trabalhista e da terceirização irrestrita? A matéria publicada nesta terça-feira, dia 3 de outubro, no jornal Folha de S. Paulo é um perfeito exemplo dos motivos que levaram a formulação e aprovação dos dois projetos.

Na semana passada, empresários, consultores e advogados do setor bancário se reuniram na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Nova York, onde demonstraram sua insatisfação pelas reformas não terem saído exatamente como queriam.

A indignação destes empresários e representantes de banqueiros é que não será possível demitir, baixar salários e terceirizar com total liberdade. “Então quer dizer que ainda não vamos poder reduzir salários? Isso é a coisa mais anticapitalista que existe”, reclamou Terry Boyland, da CPQI, empresa que presta serviços de tecnologia a bancos na América Latina.

O esperado era que fosse possível demitir e recontratar logo em seguida os mesmos funcionários de prestadoras de serviços por salários menores, o que também diminuiria gastos com encargos trabalhistas. No entanto, a lei ainda coloca uma espécie de “quarentena” de um ano e meio para que um mesmo trabalhador seja contratado como terceirizado.

“Esse é um ponto crítico que falhou”, diz Gustavo Salgado, do banco japonês Sumitomo Mitsui, que tem operações em São Paulo.

Ainda assim, estes mesmos empresários comemoram a flexibilização da CLT com pontos como a negociação de contratações e demissões direto com o trabalhador em acordos que prevalecem sobre a lei trabalhista. Outra mudança comemorada é a que define que o trabalhador que perder uma ação movida contra a empresa tenha de arcar com os custos jurídicos, que pode chegar a 20% do valor pretendido pelo processo.

Estas declarações deixam ainda mais claro quem encomendou os projetos de reforma trabalhista e terceirização irrestrita e seus motivos. Por trás da máscara de “modernização” e geração de empregos está o simples desejo de lucrar mais gastando menos. Em nenhum momento se vê a mínima preocupação com os trabalhadores e com uma sociedade mais justa.

Outro fato que este encontro deixa claro é que um dos setores mais interessados na precarização dos empregos é o financeiro. Ou seja, os bancários estão entre os que serão mais afetados por estas mudanças. E, se depender da vontade dos banqueiros, estas serão apenas as primeiras de muitas.

A categoria bancária, incluindo os empregados da Caixa, sabe bem que retirar direitos e sem precisar negociar com os trabalhadores e interferência do governo sempre foi o sonho dos donos das instituições financeiras.

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