Planos de governo de candidatos nada serão se a cidadania brasileira entendê-los como a burocrática exigência aos que pretendam patrocinar um nome em cédula eleitoral.
Eleições nada serão se a cidadania brasileira entendê-las como iniciativa que se limita a um dia, um dia que se repetirá de tempos em tempos em troca de um recibo de quitação.
O Brasil não anda lá muito bem. São muitos os encarcerados, os desabrigados, os desempregados, os sem-terra, os sem-saúde e os sem-educação. São muitas as grades, senhas e digitais para se alcançar a própria moradia.
No país, meia dúzia de bilionários detém patrimônio equivalente ao dos 100 milhões mais pobres, segundo dados da ONG Oxfam. O “meia dúzia”, aqui, é literal: são seis, mesmo. Algo errado, não? Não há meritocracia que explique tamanha concentração.
Por isso, destacamos os planos dos candidatos (clique aqui para conferir). São o referencial do que pensam os grupos que os apoiam ou patrocinam.
Nós já manifestamos nossa posição e o apelo a cada leitor é para que a sua escolha seja feita com base no que se anuncia. Por quê? Porque a previdência que alcança diretamente 40 milhões de cidadãos no Brasil não pode ser avaliada como problema contábil. Porque a empresa pública, se privatizada, gerará lucros bem maiores, mas lucros embolsados por alguns poucos sócios em vez de financiar o desenvolvimento. Porque a emenda constitucional que limita por 20 anos o gasto público – e com ele, o investimento – se mantida não nos fará civilizados. Porque fazer do país mero importador é bom para o estrangeiro que se vale de nosso consumidor, apenas.
Impor ao Brasil a transferência de suas riquezas a transnacionais, privadas ou estatais de outros países, aos impessoais mercados financeiros, não nos garante futuro algum, exceto o de colônia, sina que se restabelecerá meio milênio depois da invenção do país.
Qualquer que seja o resultado, a escolha em 28 de outubro terá importância se for entendida como a de um dia que se pretende estender a 31 de dezembro de 2022. Um santo dia que se anuncia e que teremos que encarar como aquele em que, diz a canção, nos bastará para aplacar a agonia, a sangria e todo o veneno. Temos que nos preparar para esse longo dia.
Diretoria Executiva
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