Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na última sexta-feira, dia 17 de novembro, o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, tentou despistar as crescentes ameaças de abertura de capital do banco.

“Não está em nenhum horizonte. Surgiu aí essa história de dar uma característica de S/A. Porque para transformar em S/A precisa de lei no Congresso. Autorizar a Caixa a se transformar numa S/A como o Banco do Brasil, precisa de uma lei específica do Congresso Nacional. Não acredito que isso vá acontecer em nenhum governo. Porque a Caixa é o único banco federal 100% público que cumpre políticas públicas de governo”, declarou Occhi.

O discurso do presidente do banco tenta amenizar a proposta colocada no Conselho de Administração pelos conselheiros que representam os ministérios para tornar a Caixa uma S/A. A votação iria ocorrer no dia 18 de outubro, mas foi suspensa.

Quando perguntado se o estatuto do banco ainda poderá ser alterado para permitir que a Caixa seja uma S/A, Occhi simplesmente respondeu “não sei” e que não é contra essa proposta, apenas acredita que seja necessária uma “discussão mais ampla com o governo, o dono do banco”.

Se somarmos à essas afirmações o projeto de venda de áreas e serviços como a Lotex, responsável pelas loterias instantâneas (com processo de venda já iniciado) e as às de cartões e seguros, amplamente defendidas pelo presidente da Caixa, fica claro que o desmonte do banco visando sua privatização (ainda que em fatias) está muito mais perto da realidade do que Occhi tenta nos fazer acreditar.

Na mesma entrevista Occhi ainda procura mostrar que o banco não sofre grande interferência política e que todas as decisões são embasadas juridicamente e economicamente. Tudo isso é a tentativa de criar um cenário que tranquilize população e empregados, fazendo com que todos acreditem que não há risco de privatização e que qualquer mudança deve ser aceita com total confiança, pois não obedecem a vontades políticas.

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