Dados são da Pesquisa do Emprego Bancário e revelam que bancos fecharam 8.536 vagas entre janeiro e abril de 2017. Caixa lidera elevado número de demissões no setor, como resultado do processo de desmonte do único banco 100% público do país
O sistema financeiro nacional fechou 8.536 postos de trabalho entre janeiro e abril de 2017, cabendo à Caixa Econômica Federal o maior volume de corte de vagas no setor, com redução de 4.320 empregos e extinção de funções gratificadas, ao mesmo tempo em que houve a contratação de 120 trabalhadores e a demissão de 4.440. Os dados são da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), que faz o estudo em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Na Caixa, o elevado número de demissões decorre do Plano de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), lançado em meados de fevereiro deste ano, pouco antes da liberação dos saques de contas inativas do FGTS. Essa situação agravou-se devido à carência de pessoal e ao aumento da demanda de trabalho no banco, com ampliação do horário de atendimento e abertura de agências aos sábados.
Do total de cortes nos bancos, 49% ocorreram sem justa causa. A participação dos desligamentos a pedido foi expressiva, 45% do total, devido ao PDVE da Caixa. “É urgente e necessário que o único banco 100% público do país reponha as vagas dos que estão saindo. Com a saída de quase cinco mil empregados e a falta de contratação, sobra um dia a dia de sobrecarga e adoecimentos nas unidades de todo o país. Isso tende a se agravar ainda mais com essas demissões detectadas pela Pesquisa do Emprego Bancário”, afirma o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.
Para ele, é preciso intensificar a defesa da Caixa 100% pública e sua importância na execução de políticas sociais. E acrescenta: “A política de corte de postos de trabalho reforça a intenção de enxugar o banco e prepará-lo para a privatização. Essa redução, gradativa e desmesurada, compromete ainda mais a qualidade do atendimento já bastante precário nas agências”.
Todos os estados brasileiros registraram saldo negativo de contratações, exceto o Acre, que teve apenas um novo posto de trabalho criado. São Paulo (- 2.472), Paraná (1.162) e Rio de Janeiro (-911) foram os estados mais impactados pelos cortes.
A Contraf/CUT avalia que os bancos que estão fechando postos de trabalho prejudicam os bancários, pioram o atendimento dos clientes e da população e não contribuem para o crescimento econômico e social do país com emprego e distribuição de renda. Essa situação, segundo a entidade, funciona também como um sinal vermelho para a classe trabalhadora, uma vez que essa é exatamente a receita para o país apregoada pelo governo ilegítimo de Michel Temer, com base nos princípios de um famigerado ajuste fiscal.
Rotatividade achata salários dos bancários
De acordo com o levantamento Contraf/CUT – Dieese, além do corte de vagas, a rotatividade continuou alta no período. Tanto que, entre janeiro e abril deste ano, os bancários admitidos no setor foram contratados recebendo em média 59,6% da remuneração dos trabalhadores desligados.
Uma constatação: essa diferença prova que os bancos continuam praticando a rotatividade, um mecanismo cruel utilizado para reduzir a massa salarial da categoria e aumentar ainda mais os lucros.
Desigualdade entre homens e mulheres
A pesquisa mostra também que as mulheres, ainda que representem metade da categoria, permanecem sendo discriminadas pelos bancos na sua remuneração, ganhando menos do que os homens quando são contratadas. Essa desigualdade segue ao longo da carreira, pois a remuneração das mulheres é bem inferior à dos homens no momento em que são desligadas dos seus postos de trabalho.
Houve a constatação de que as 3.393 mulheres admitidas nos quatro primeiros meses de 2017 recebem, em média, R$ 3.478,15. O valor corresponde a 65,1% da remuneração média dos 3.385 homens contratados no mesmo período.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres também se faz presente entre os bancários desligados. As 7.788 mulheres que deixaram os bancos recebiam, em média, R$ 6.572,97, ou 79,7% da remuneração média dos 7.526 homens desligados.
A Contraf/CUT entende que essa absurda discriminação é totalmente inaceitável e reforça ainda mais a luta da categoria por igualdade de oportunidades na contratação, na remuneração e na ascensão profissional.
Faixa etária
Nos primeiros quatro meses deste ano, os bancários admitidos concentraram-se na faixa etária até 24 anos, com saldo positivo em 1.958 postos de trabalho. Já os desligamentos concentraram-se, principalmente, entre bancários de 50 a 64 anos, com o fechamento de 6.132 postos de trabalho.
Fonte: Fenae.