Uma grande marcha pelas ruas de Montevidéu, organizada pela centrais sindicais do Uruguai (PIT-CNT), marcou a abertura da Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo. A atividade foi construída pelo movimento sindical e organizações sociais da região, com objetivo de mobilizar os povos para a defesa da democracia, atualmente ameaçada em vários países da América do Sul por forças conservadoras, que pressionam por novos tratados de livre-comércio, retomando a agenda neoliberal e atacando direitos sociais e trabalhistas.
Até sábado (18), a Contraf-CUT e diversos entidades sindicais filiados à CUT participam do encontro, que tem na sua pauta a luta pela democracia, a soberania, a integração dos povos e a resistência ao livre comércio e às transnacionais.
“Trabalhadores de 23 países reafirmaram o desejo de combater as reformas laborais que estão sendo feito unilateralmente, sem a participação da classe trabalhadora, e o avanço neoliberal no continente”, afirmou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT. “Estamos aqui trocando experiências, acumulando para que brevemente a gente tome o poder definitivo. Porque um governo que concentre renda e exclua os trabalhadores é inadequado para os nossos países e somos contra. Queremos construir um novo mundo, um mundo que seja fraterno, igualitário e que distribua oportunidades”, completou.
A jornada acontece uma década depois de os movimentos sociais terem derrotado a Área de Livre Comércio das Américas Alca). De fato, a ALCA foi uma proposta feita pelos Estados Unidos, em 1994, com o objetivo de eliminar barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, formando assim uma área de livre comércio, com uma evidente vantagem para a indústria norte-americana, que ofereceria produtos a preços mais baixos no continente latino-americano, levando, supostamente, ao fechamento de indústrias e ao aumento do desemprego na América Latina.
Com muita luta dos movimentos, o projeto da ALCA foi recusado pela maioria dos governos latino-americanos durante a 4ª Cúpula das Américas.
A jornada se propõe a debater a escalada de retirada de direitos que vem se dando no Brasil e outros países na América Latina, com eliminação de importantes programas sociais, por governos ilegítimos ou sustentados pelo capital, que retoma fortemente a agenda neoliberal de aprofundamento da desigualdade e concentração de riqueza, o que exige a organização e a mobilização continental para enfrentar a complexidade da conjuntura atual. Assim, a jornada se constitui num importante movimento para fortalecer o processo de unidade da luta e ação sindical.
Para o segundo dia estão previstos encontros setorizados entre os países.
O final da jornada será com uma grande plenária de convergência, que definirá uma agenda comum de luta para o próximo período no continente.