Em 22 de março, a APCEF/SP recebeu a triste notícia do falecimento de Cyro Monteiro, um grande homem que sempre lutou em defesa dos empregados da Caixa. Às 11 horas do dia seguinte, 23 de março, estava marcada a saída do hospital onde faleceu, rumo ao Crematório de Vila Alpina, na capital.
Aposentado desde 1982, o advogado Cyro Zimmermann Monteiro entrou no banco em 1947, após a 2ª Guerra Mundial e a democratização do País, em um momento de grandes renovações políticas. Foi o primeiro presidente do Grêmio dos Empregados da Caixa Econômica, fundado em dezembro de 1948.
Na época, um grupo de empregados recém-admitidos em concurso público propôs uma mudança administrativa e nos estatutos da Sociedade Beneficente da Caixa (que havia sido criada em 1907) de forma a torná-la também uma representante dos empregados na luta por seus direitos. Não conseguiram e, descontentes, resolveram fundar o Grêmio.
Cyro Monteiro e vários integrantes do Grêmio eram vinculados ao Partido Comunista. Nos anos 60, principalmente a partir da implantação do Regime Militar em 1964, essa militância acabaria por gerar muitos problemas e perseguições para esses empregados.
No início da década de 70, época mais aguda da Ditadura Militar, a Sociedade Beneficente, o Grêmio e outras associações de empregados da Caixa de São Paulo foram unificadas. Criou-se, então, a Associação Beneficente dos Empregados da Caixa Econômica Federal de São Paulo (ABEF/SP) que, depois, transformou-se na APCEF/SP.
Em uma edição especial do jornal APCEF em Movimento para os aposentados, de junho de 2003, Cyro Monteiro contou um pouco de sua história de luta:
“Fui militante político de esquerda, nacionalista. Passei pelas fases da guerra e da ditadura Vargas. Ajudei na reorganização do PCB dentro do banco. Em 1948, participei da fundação do Grêmio Caixa Econômica Federal, do qual fui o primeiro presidente.
Só deixei o partido depois que ele se fracionou. Na Caixa, por causa de minhas atividades políticas, jamais fui promovido. Fiz o concurso para escriturário e, em 1947, fui chamado para trabalhar, quando já era universitário. Meu orgulho é nunca ter sido apadrinhado na minha carreira dentro do banco.
Militei no movimento associativo durante 20 anos. Participei da criação do Sasse, hoje Funcef, e da Fenae. Por isso, sofri vários inquéritos administrativos e fui preso pela ditadura militar em 1964. Com o advento do AI-5, licencie-me da Caixa e continuei a advogar particularmente. À convite, reassumi meu cargo no banco em 1977 e, em 1982, aposentei-me”.

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