Parece evidente que os bancos querem eliminar os seus atendimentos bancários presenciais e transferi-los aos bancos digitais, com o objetivo principal de reduzir gastos operacionais e salariais e não aprimorar a qualidade do atendimento ao cliente.

O setor financeiro do Brasil é um dos que mais investem em tecnologia da informação, de acordo com pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) de tecnologia bancária 2014, que demonstra que em 2014 cerca de 58% do volume de operações bancárias realizadas via internet banking e mobile.

Ainda segundo a pesquisa, na Caixa há a intenção de que os pagamentos realizados via cartão especial ou transferência bancária, como no caso de programas sociais como Bolsa Família, sejam operacionalizados via mobile.

Na imprensa – o assunto rendeu matéria no jornal Folha de São Paulo desta segunda-feira, 24, com o título “Agência bancária do futuro será mais cafeteria do que banco, prevê empresa”.

Andy Mattes, presidente global da Diebold Nixdorf uma das principais empresas fornecedoras de terminais de autoatendimento, urnas eletrônicas e, máquinas e softwares das agências lotéricas da Caixa, afirmou que “as funções administrativas hoje desempenhadas por caixas humanos vão ser centralizadas nas máquinas e, como resultado, as agências serão menores do que as existentes no Brasil. E não precisarão ser agências”. Ao que parece, os caixas desaparecerão.

Esta forma, de banco 100% digital, sem agências físicas, já está em funcionamento no Brasil com o relançamento do banco Original, em março de 2016.

Nem a pesquisa, nem os jornais tratam da responsabilidade que os bancos têm de assumir e prestar serviços à sociedade e, também, do emprego do bancário, essas preocupações aparecem apenas nas falas dos trabalhadores e de suas entidades representativas.

Enquanto banqueiros querem especular, enxugar a folha de pagamento e livrar-se dos acordos com os sindicatos dos bancários, os trabalhadores lutam pela defesa dos empregos e garantias quanto as condições de trabalho.

Navalha na carne – o corte de trabalhadores no setor financeiro acontece de várias formas. O aumento dos correspondentes bancários, por exemplo, com a terceirização dos serviços, é uma das maneiras. Em 2003 eram 36.474, já em 2015 do total subiu para 321.861 terceirizados. Crescimento de 782%.

Em estatística apresentada por estudo do Dieese, em setembro de 2016, destaca que de janeiro a julho de 2016, foram fechados 7.897 postos de trabalho de bancários. Na Caixa, no ano de 2015 foram fechados 3.219 postos de trabalho.

Estes cenários geram insegurança na categoria, que hoje não está diante de um governo que dialoga com os trabalhadores, muito pelo contrário, é um governo que comunga com os interesses do setor financeiro.

Plano de expansão – em 2013 a Caixa apresentou um plano de expansão da rede que previa a abertura de 1.519 agências em todo país até 2015. Para a conclusão do plano havia a previsão de contratação de aproximadamente 12.900 novos empregados. Nem um, nem outro. A Caixa tinha a expectativa de crescimento, mas não alcançou.

É fato que no Estado de São Paulo muitas unidades do banco foram abertas em bairros periféricos, beneficiando populações que não dispunham acesso ao atendimento bancário.

No entanto as unidades não receberam estrutura adequada e número suficiente de empregados.

Este plano foi estancado, a Caixa não cumpriu a meta e abandonou o plano de expansão da rede, pois a política para o banco público no atual governo não é mais de expansão e sim de retração, redução e enfraquecimento do banco público.

Havendo necessidade ou não de atendimento, exigência ou não do setor financeiro em assumir as suas responsabilidades, o que se vislumbra, de fato, é investimento dos bancos em eliminar o máximo possível de postos de trabalho de bancários, por meio do desenvolvimento tecnológico, tratados meramente como custos, substituindo-os por máquinas e transfere o próprio atendimento ao cliente que paga para realiza-lo e assume os ricos de operar o seu atendimento. 

Compartilhe: