Com o início do mês de outubro e o carregamento das metas no Conquiste do quarto trimestre, os empregados tiveram um choque: os valores esperados de diversos itens de meta sofreram aumentos absurdos. Para os últimos três meses do ano (período com menos dias úteis e época na qual muitas pessoas programam férias, dificultando o fechamento de negócios), produtos como habitação e FGTS chegaram a aumento na meta de 1.140% na comparação entre os meses de dezembro e julho. O esperado acumulado no terceiro trimestre foi igual à toda a meta imposta em outubro. Em comparação com o terceiro trimestre, a meta do quarto significa um aumento de quase 300%.
Em ativação de cartões, a situação não é diferente: o esperado de dezembro é 963% maior que o de julho. Na comparação entre o quarto e o terceiro trimestre, o aumento também é próximo de 300%. O aumento de outros itens, como LCI, também foi bastante criticado.
A situação se encaixa como cobrança de metas abusivas, cuja definição é um pacote pronto e imposto de metas exageradas, inalcançáveis, que podem mudar a qualquer momento e que não respeitam o número de trabalhadores nem o perfil da unidade bancária. A prática pode ser uma atitude entendida pela Justiça como assédio moral e dá direito à indenização. Um dos exemplos ocorreu na categoria bancária: ano passado, em ação civil pública na qual os sindicatos foram assistentes, o Santander foi condenado ao pagamento de indenização de R$ 275 milhões por danos morais coletivos em razão de metas abusivas, adoecimentos mentais e assédio moral.
“As metas abusivas levam ao adoecimento, isto é um fato comprovado pela avanço dos casos de doenças mentais e comportamentais entre os empregados após 2016. Os empregados sabem que o não atingimento das metas traz consequências em suas carreiras e remuneração, ainda mais na forma como está estruturado o PFG, PCS e os conceitos de “meritocracia” na instituição. Sempre criticamos a prática nas gestões anteriores, e continuamos criticando, independente de quem seja. Vamos notificar a Caixa sobre o tema cobrando sua revisão e discussão do assunto em mesa. Estes aumentos são absurdos e não há nada que justifique uma curva de crescimento como esta”, criticou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.