fgts.jpgBanqueiro só tem olhos para cifrões. Banqueiro quer todo o dinheiro. E ainda, se tudo isso acontecer sem grandes esforços, explorando rendimentos dos trabalhadores e enfraquecendo a função dos bancos públicos, fica perfeito.

Afinal de contas para manter-se no topo da pirâmide entre os 0,05% super-ricos do país, – conforme estudo divulgado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base no imposto de renda de 2007 a 2013 -, é preciso explorar os recursos que geram maior rentabilidade.

Para isso, não há generosidade no mercado financeiro, não há interesse em investir no setor produtivo, não há projeto de melhorar a vida do trabalhador.

Saldo de R$ 475 bilhões para operar, valor aproximado de R$ 4,395 bilhões anual – pago em 2015 à Caixa como taxa pela prestação de serviços -, para direcionar a investimentos com grande rentabilidade e drenar recursos da classe trabalhadora e do setor produtivo para o sistema financeiro. Estes são os objetivos dos bancos privados ao quererem tomar de volta o controle dos recursos do Fundo de Garantida do Tempo de Serviço (FGTS).

O descontrole do recurso, a exemplo do modelo vigente até o início dos anos 90, afetará milhares de trabalhadores. Com mudanças de emprego e abertura de contas do FGTS em diferentes bancos, contas ficarão inativas e o dinheiro ficará ‘perdido’ nos bancos. Portanto, esqueça o trabalhador.

Quem perde

O país perde em volume de investimentos, especialmente em financiamento habitacional pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) que financia imóveis até R$ 750 mil com recursos do FGTS. Apesar da existência de Conselho Curador tripartite, – formado por representantes de empresários, governo e trabalhadores -, que define a política de investimentos para o Fundo, é possível que a agressividade do mercado financeiro passe a ditar as regras do jogo. Com isso, esqueça a finalidade social do Fundo.

A Caixa, enquanto operadora exclusiva dos recursos, perde rentabilidade, perde enquanto banco público que garante os recursos do trabalhador, perde em investimentos em programas habitacionais – mercado que tem participação de mais de 60%.

Do total de receitas que a Caixa arrecada com tarifas de prestação de serviços, para cumprir compromissos de folha de pagamento de seus empregados, o FGTS representa 21,2%. Com a mudança, empregados são prejudicados diretamente, por meio de Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e ameaça de cortes de direitos com a redução de arrecadação da empresa.

O argumento de que os bancos estão interessados em mudar o índice para correção dos valores do FGTS e melhorar os rendimentos do trabalhador só enfatiza o interesse dos banqueiros no spread que também será maior. Desta forma não há sustentação para a mudança, já que entidades representativas, há tempos, pressionam o governo por meio de ações judiciais para a mudança no índice.

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