Desde o início do ano, no editorial Que tipo de Caixa teremos em 2007?, publicado no jornal APCEF em Movimento n. 752, de 8 de janeiro, a APCEF/SP já questionava o modelo de gestão que estava sendo adotado pela Caixa, principalmente em face da implantação da GRC, da CI 293 e de tantos outros atos arbitrários cometidos pela administração.
Questionávamos não só e diretamente a diretoria da Caixa, mas o próprio governo federal que apontava, já no início do mandato, atitudes incompatíveis com um modelo democrático de gestão e, principalmente, incompatíveis com uma visão social da economia e da gestão do banco. Esse governo foi eleito pelo voto popular, povo esse que expressou nas urnas o receio de ver de volta ao poder o modelo neoliberal do governo FHC.
Agora, frente ao loteamento das vice-presidências da Caixa, por meio do velho ato de partilha de cargos públicos para alimentar a sanha desenfreada de partidos aliados do governo, o que se desenha é a repetição de atos que considerávamos esquecidos da prática política do governo, prática essa que tanto condenamos em um passado não tão distante.
Além dessa partilha, que não leva em consideração perfis administrativos de quadros de carreira nem as necessidades e idiossincrasias da Caixa, o que se esboça também é a velha ameça neoliberal de realizar a fusão entre Caixa e Banco do Brasil, com propósitos não muito claros, o que aumenta o quadro de insegurança dos trabalhadores do banco, que já estão no limite do suportável quanto à pressão por metas, à falta de condições de trabalho, ao desrespeito com que a empresa tem tratado seus trabalhadores nesse estressante meio ano.
Então, é hora de colocarmos os pingos nos is: nós, trabalhadores da Caixa, repudiamos essa partilha da empresa que, ainda que não seja ilegal, é imoral e revela a continuidade de uma prática que há muito deveria ter sido abandonada.
Repudiamos a fusão da Caixa com o que quer que seja. Repudiamos essa gestão de Recursos Humanos que não consegue atenuar nem melhorar nossas condições de trabalho, mas pela qual somos cobrados para o alcance de resultados cada vez mais absurdos, principalmente se levarmos em consideração que a Caixa pouco fez para superar o fosso tecnológico que a separa dos concorrentes.
Podemos até entender eventuais dificuldades do governo em construir novos modelos e implementar uma nova conjuntura, mas não é isso o que tem acontecido. O que acontece é a repetição da mesma política que antes foi rejeitada, é a manutenção de práticas espúrias e procedimentos que ferem a imagem da Caixa e a seriedade com que o banco tem de ser tratado.
A Caixa que queremos com certeza não é essa que aí está: dividida politicamente, sem compromisso de gestão, adotando uma política comercial agressiva em detrimento do atendimento social, tratando seus trabalhadores como produto de segunda categoria. Definitivamente, essa não é a Caixa que queremos.
Não se pode desenhar um futuro para a empresa sem que se discuta o assunto com o conjunto dos trabalhadores, que são aqueles que efetivamente, no dia-a-dia, a constróem. Não é só para a implementação de metas que os trabalhadores têm de ser chamados para participar, mas principalmente para discutir modelos de gestão e os rumos políticos e sociais que a empresa pretende tomar.
Esperamos que – como estamos no primeiro ano de um novo mandato – o governo tenha a sensibilidade (a qual não tem demonstrado) de discutir com os trabalhadores a implementação de novas políticas para o País e para a Caixa. Mas se isso não acontecer, estamos preparados para novas batalhas.
Afinal, a Caixa é uma das poucas instituições do Brasil que pode dizer que é uma res publica e seu patrimônio não é o dinheiro que tem em caixa, mas os trabalhadores que constróem a sua história.
Diretoria Executiva
Gestão Nossa Luta