O desmonte da Caixa, colocado em prática pela direção do banco sob ordens do governo Temer, segue prejudicando bancários e população. Todos os dias o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região está realizando protestos na agência Jardim Camargo Novo, bairro da periferia da zona leste de São Paulo, uma das cerca de 100 unidades do banco que terão as atividades encerradas.

“O fechamento dessa agência simboliza o descaso da direção do banco e do governo federal com a população, especialmente a mais pobre. A unidade é a única da Caixa em uma região, periférica, com mais de 100 mil habitantes. O encerramento das atividades, previsto para 13 de novembro, prejudica toda essa população e o desenvolvimento local. A Caixa é responsável pelo pagamento de benefícios sociais, aposentadorias e pensões. Além disso, é a principal financiadora de programas de habitação, como o Minha Casa Minha Vida”, critica a dirigente do Sindicato e empregada da Caixa Vivian Carla de Sá.

Durante o ato na agência Jardim Camargo Novo, foi lançada a campanha Defenda a Caixa Você Também e coletadas mais de mil assinaturas contra o encerramento das atividades da unidade. “Tivemos grande apoio da população, que está indignada com o fechamento da agência. A unidade possui, por exemplo, mais de 12 mil contas poupança sob sua responsabilidade”, relata a dirigente do Sindicato.

“A superintendência responsável pela região reconhece a importância da agência para a população do Jardim Camargo Novo e bairros próximos. Além disso, 50% dos atendimentos do país são feitos em São Paulo, a maioria na zona leste. O município todo tem 301 agências e a direção resolve fechar logo uma na periferia, onde não há nenhum outro banco. Cobramos da direção da Caixa a abertura de negociação sobre o encerramento das atividades da unidade, que precisa ser revisto. A proprietária do imóvel onde está instalada a agência inclusive está disposta a reduzir o aluguel em 50% e não foi procurada pelo banco. O Sindicato,  a Apcef e a população local vão permanecer mobilizados na agência, junto aos bancários, até que a Caixa abra negociação sobre o fechamento da unidade”, enfatiza Vivian. 

Mais Caixa para o Brasil – Para se ter ideia da importância da Caixa para o Brasil e os brasileiros, basta analisar os dados da sua atuação, como banco público, nos mais diversos setores. Somente no primeiro semestre de 2017, a carteira imobiliária totalizou R$ 421,4 bilhões, com o banho ganhando 1,3 p.p. de participação no mercado imobiliário, mantendo a liderança com 68,1%. Já operações de saneamento e infraestrutura cresceram 5,3% no período, atingindo R$ 79,9 bilhões.

Entre janeiro e junho, foram pagos cerca de 78,5 milhões de benefícios sociais, num total de R$ 14,2 bilhões, sendo R$ 13,7 bilhões referentes ao Bolsa Família. Em relação aos programas voltados ao trabalhador, a Caixa realizou 196 milhões de pagamentos, que totalizaram R$ 176,6 bilhões. Também foram realizados 33,7 milhões de pagamentos de aposentadorias e pensões aos beneficiários do INSS, correspondendo a R$ 40,7 bilhões. Ao final de junho, o banco possuía 84,1 milhões de correntistas e poupadores.

Ofício – O Sindicato enviou ofício à direção da Caixa reivindicando que a decisão de fechar mais de 100 agências seja revista.

“A Caixa é mais que um banco. É uma instituição fundamental para o desenvolvimento do país. Está presente em regiões onde os bancos privados não tem interesse de atuar. Não pode simplesmente sair fechando agências dessa maneira, sem um debate com a sociedade. No ofício, enviamos a relação de agências que serão fechadas e cobramos a abertura de negociação sobre a questão”, conclui o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis.

Dia de luta – No dia 18 de outubro será realizado um Dia Nacional de Luta em defesa da Caixa e dos participantes da Funcef. Em todo o país, entidades como Fenae, Apcefs, centrais sindicais, Contraf, federações e sindicatos vão mobilizar trabalhadores e sociedade em defesa da manutenção do banco 100% público.

“Conclamamos todos os empregados a vestirem vermelho no dia 18, representando nossa raiva contra essa direção, que pretende abrir o capital da Caixa e vendê-lo em partes”, destaca Dionísio. 

Também no dia 18 será realizada uma audiência pública, às 19h, na Câmara Municipal de São Paulo, em defesa dos bancos públicos. A intenção é detalhar à população os riscos do desmonte dessas instituições para os municípios do estado de São Paulo. Será o quarto encontro, de uma série de seis já agendados na base do Sindicato. Antes foram realizadas em Embu das ArtesCarapicuíba e Barueri.

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