Na manhã desta quinta-feira (24) a direção da Caixa divulgou os resultados do exercício de 2021. A demonstração financeira apontou um lucro de R$ 17,3 bi, que foi comemorado pela diretoria da instituição. Não foi dado destaque, porém, às consequências (sobretudo para a saúde dos empregados) das decisões tomadas pela administração para chegar ao resultado publicado.
Quando se observam os itens de resultado, salta aos olhos a contribuição dos chamados itens não recorrentes, que somaram R$ 7,152 bi, representando mais de 40% do resultado do banco. Este item inclui a venda da participação no banco Pan, das ações da Caixa Seguridade, e receitas das parcerias societárias celebradas pela Caixa no ramo de produtos de seguridade, adquirência e cartões de benefícios e pré-pagos.
As receitas das parcerias tiveram um papel muito relevante para o lucro do banco. Nas lâminas apresentadas pela direção, é informado que a empresa recebeu R$ 9,8 bi em função da criação das “Joint-Ventures”. O valor foi desembolsado pelas empresas que tornaram-se sócias da Caixa nos produtos de seguridade como uma espécie de pagamento antecipado ao banco pela exploração de seu balcão durante o período estabelecido em contrato. Já no segmento de cartões e adquirência, os acordos renderam à Caixa mais de R$ 500 milhões.
A contrapartida destes pagamentos antecipados bilionários que a Caixa recebeu, e que aumentaram bastante o resultado dos últimos anos, seria o retorno do investimento para o parceiro. Para os empregados, a consequência é o crescimento das metas, a escalada da pressão por seu cumprimento, mais casos de ameaças e de assédio sobre os empregados.
“A Tokio Marine, Icatu, VR, Fleetcor, CNP Assurances e Tempo não fizeram caridade ao antecipar, à Caixa, bilhões de reais. Por sua vez, a direção do banco espera que o empregado pague esta conta, e o faz aumentando as metas e a pressão, e piorando demais as condições de trabalho. Assim, na prática, a decisão da administração de Pedro Guimarães troca a saúde dos empregados pela retorno financeiro prometido aos parceiros” critica o diretor-presidente da APCEF/SP, Leonardo Quadros.
Sustentabilidade da Caixa – A política da direção também coloca em xeque a sustentabilidade do banco. Com um resultado ancorado na venda de ativos, e depois de ter recebido dos parceiros, antecipadamente, luvas pela exploração do balcão do banco, o modelo adotado pela direção compromete os resultados subsequentes.
Denúncia de ameaças e de assédio – A APCEF/SP tem tratado de um número cada vez maior de denúncias sobre ameaças de descomissionamento e de práticas de assédio moral. Apesar da direção da Caixa ter realizado uma pesquisa de clima organizacional em toda a rede no ano passado, os resultados não foram divulgados – provavelmente por serem negativos para a administração do presidente Pedro Guimarães. Caso a prática esteja ocorrendo em sua unidade, denuncie entrando em contato conosco pelo e-mail sindical@apcefsp.org.br. O sigilo é garantido.