Em mais uma rodada da Pesquisa do Emprego Bancário (PEB), abrangendo o período entre janeiro e setembro de 2012, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgaram que os bancos que operam no Brasil criaram 2.876 novos postos de trabalho, uma queda de 84,2% em comparação com mesmo período do ano passado.

O saldo, embora pequeno, é considerado positivo e deve-se, sobretudo, ao número de contratações nos bancos públicos federais. Nas instituições privadas, há o registro de 7.286 postos de trabalho nos primeiros nove meses do ano, não contabilizadas nesse quadro as mais de duas mil demissões efetuadas pelo Santander em dezembro.

Neste ano, segundo o estudo da Contraf/CUT e do Dieese, a rotatividade de mão de obra continuou a ser o carro-chefe utilizado pelos bancos para reduzir os salários da categoria bancária. Tanto que, nos primeiros três trimestres de 2012, o salário médio dos trabalhadores contratados foi de 38,65% inferior ao dos desligados. As mulheres, por outro lado, continuam ganhando menos que os homens nos bancos.

A pesquisa da Contraf/CUT e do Dieese, a 15ª do gênero no país sobre o sistema financeiro e denominada Pesquisa de Emprego Bancário, realizada desde o ano de 2009, está sendo elaborada trimestralmente com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e do Emprego. Esse estudo, aliás, visa fazer um acompanhamento sistemático sobre a evolução do emprego e acerca dos principais indicadores do mercado de trabalho na categoria bancária, como subsídio para a atuação do movimento sindical bancário.

Entre janeiro e setembro de 2012, por exemplo, os bancos desligaram 32.073 trabalhadores, ao mesmo tempo que o setor contratou 34.949. Isso resultou na geração de 2.876 novas vagas. No mesmo período do ano passado, no entanto, o saldo positivo de empregos nas instituições financeiras foi de 18.167 postos: uma queda brusca de 84,2%.

Nos primeiros nove meses deste ano, os bancos foram responsáveis por 0,6% do 1,25 milhão de novos empregos gerados pela economia brasileira. Essas informações referem-se apenas à evolução do emprego no setor de atividade e não por empresa, já que este dado é mantido em sigilo pelo Ministério do Trabalho e do Emprego.

A esse propósito, o presidente da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro, afirma que “a sociedade brasileira não pode aceitar que os bancos privados, o setor mais rentável da economia, boicotem os esforços do governo e os outros setores de incentivar o crescimento econômico, a geração de emprego e a inclusão social”. Ele considera essa postura irresponsável e mesquinha, já que contribui para a concentração da riqueza em um país que já é um dos 12 mais desiguais do mundo.

Rotatividade reduz massa salarial
A pesquisa aponta que, entre janeiro e setembro deste ano, do ponto de vista salarial, a remuneração média dos admitidos foi 38,65% inferior em relação à dos desligados, representando R$ 2.693,79 contra R$ 4.390,87. No mesmo período, a economia brasileira como um todo registrou uma diferença entre a média salarial dos contratados de 7% inferior à média salarial dos demitidos.

O resultado considerado positivo foi registrado apenas nas faixas até salários mínimos, enquanto as faixas salariais acima desse patamar apresentaram saldos negativos. O maior saldo foi registrado na faixa de remuneração entre dois a três salários mínimos, que teve crescimento de 17.521 vagas.

Como resultado disso, a Contraf/CUT avalia que essa alta rotatividade nos bancos é uma jabuticaba, na medida em que só existe no Brasil, sendo utilizada para travar a expansão da massa salarial e aumentar ainda mais os lucros do setor bancário.

Mulheres continuam discriminadas
Em relação às mulheres, a disparidade é ainda maior: as bancárias foram admitidas com uma remuneração de R$ 2.322,88, enquanto os homens entraram com uma renda média de R$ 3.031,86 – uma diferença de 23,4%. Eles foram desligados ganhando em média R$ 4.978,38 e as mulheres recebiam R$ 3.759,23, representando uma diferença de 24,5%.

Essa diferença de remuneração revela que as mulheres continuam sendo discriminadas nos bancos, o que reforça a luta da categoria bancária por igualdade de oportunidades e de tratamento.

Fonte: Fenae Net

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