Foi cruzando os braços, em 30 de outubro de 1985, que os empregados da Caixa deflagaram greve nacional pela primeira vez. O objetivo era cobrar a efetivação da jornada de seis horas, praticada nos demais bancos, e o direito à sindicalização.
A paralisação durou 24 horas, atingiu agências e unidades da Caixa em todo o país e contou com a adesão de praticamente 100% dos trabalhadores. O movimento, que teve participação decisiva da Fenae, foi um marco, pois consistiu na primeira mobilização de alcance nacional na história da empresa com plena organização por parte dos empregados.
O movimento grevista foi construído a partir da mobilização dos auxiliares do escritório, que buscavam ser enquadrados como escriturários na carreira técnico-administrativa. A carreira de auxiliar de escritório foi criada, pelo então presidente da Caixa, Gil Macieira, com o intuito de reduzir salários. No entanto, apesar das atividades atribuídas a estes empregados serem basicamente as mesmas dos escriturários, o piso para a função correspondia à metade do salário de ingresso previsto no Plano de Cargos e Salários (PCS).
A exemplo da aspiração no passado, que motivou os auxiliares de escritórios, hoje, os técnicos bancários também reivindicam a bandeira da isonomia com os escriturários, pleito referendado por diversos Congressos Nacionais dos Empregados da Caixa (Conecefs).
Com a mobilização de 1985, a jornada de seis horas foi equacionada. Em regime de urgência, a Câmara Federal enviou para votação o projeto de Lei 4.111-A do então deputado Léo Simões, que garantia também aos empregados da Caixa o direito à jornada reduzida, passando para seis horas diárias. O presidente José Sarney sancionou a lei em 17 de dezembro daquele ano.
O direito à sindicalização, outra reivindicação do movimento, também foi conquistada. O Diário Oficial da União do dia seguinte trazia também a garantia do direito à sindicalização, viabilizada com a alteração do parágrafo único do artigo 556 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).