Que a política é um grande jogo, todo mundo sabe. Que o resultado depende muito de quem está no comando, também. 2006 é ano de eleição. E como o rumo da administração da Caixa Econômica Federal está diretamente ligado aos detentores do poder, algumas ações já começam a preocupar.
A Caixa tem sido assunto constante nos grandes jornais. Algumas das matérias chamam a atenção pelo seu lado negativo. “Os ataques podem ser uma tentativa de enfraquecer a imagem da Caixa junto à opinião pública. Afinal de contas, temos eleições para a presidência neste ano e um dos partidos que concorre ao cargo sempre teve uma política de privatização” – alertou a diretora-presidente da APCEF/SP, Fabiana Matheus.
Os empregados da Caixa ainda não esqueceram os graves problemas enfrentados durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso: ameaça constante de privatização, assédio moral, reajuste zero, RH 008…
Em novembro de 2005, uma entrevista publicada na Folha de S. Paulo chamou a atenção por recordar o projeto de privatização dos bancos públicos. A economista da USP e ex-assessora de Pedro Malan, Eliana Cardoso, defendeu abertamente a privatização da Caixa Econômica e do Banco do Brasil.
De acordo com ela, a medida é indispensável à transparência dos orçamentos do governo e à estabilidade financeira, pois os bancos estatais representam empecilhos ao crescimento sustentado. “Em nenhum momento ela falou sobre a função social destes bancos, o investimento em saneamento, habitação, financiamento ao pequeno e ao médio empresário, etc.” – explicou Fabiana Matheus.
Pouco depois, em 30 de janeiro, o jornal O Globo publicou diversas matérias sobre problemas em um sistema informatizado da Caixa, o Conectividade Social. Falou-se que o sistema está prejudicando milhares de empresas e trabalhadores em todo o País, impedindo o acesso às contas do FGTS.
O Ministério Público deve cobrar explicações. O secretário-executivo do Conselho Curador do Fundo, Paulo Furtado, pediu uma manifestação pública do banco e o presidente Jorge Mattoso pode ser chamado para dar explicações. A diretoria da APCEF/SP também deve enviar ofício à diretoria da Caixa pedindo uma solução urgente para o problema.
Outro assunto constante na mídia é o dos depósitos judiciais monopolizados por bancos públicos. O jornal Valor Econômico, de 8 de fevereiro, publicou uma matéria sobre um estudo desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que pretende levantar os valores dos depósitos e estuda uma alteração na lei que restringe a administração das contas judiciais por bancos oficiais. Com a mudança, os recursos passariam a ser gerenciados pelos bancos privados.
“Todos sabemos dos graves problemas enfrentados na Caixa, como a falta de pessoal, os equipamentos obsoletos e os sistemas ultrapassados” – lembrou Fabiana Matheus. “O papel dos empregados e das entidades representativas é cobrar soluções urgentes da administração do banco. E, ainda, a defesa da Caixa enquanto banco público, com seu imprescindível papel social” – completou.

Compartilhe: