A Caixa anunciou nesta terça-feira (12) seu balanço do terceiro trimestre, com lucro líquido de R$ 8 bi. O resultado de eventos não recorrentes no trimestre foi R$ 7,144 bi devido à venda das ações vendidas da Petrobras e de NTN-B (título pós-fixado). Além disso, impactou positivamente no resultado a redução, em comparação com o mesmo período do ano passado, de R$ 600 milhões nas provisões para créditos de Liquidação Duvidosa.

Os números mostram que o movimento observado desde 2016 continua: a perda de mercado. O presidente do banco, Pedro Guimarães, reafirmou que esta é a estratégia da instituição. “Vai continuar caindo, não vamos financiar empresa grande”, declarou durante a coletiva de imprensa do balanço.

O banco encerrou o trimestre com R$ 683,186 bi na carteira de crédito ampla, o que representa alta de 0,1% em três meses e queda de 1,5% em 12 meses. A queda vem da carteira de pessoas jurídicas: 5% no trimestre e de 29,7% em um ano.

Infelizmente, a afirmação de que o banco agora prefere financiar pequenas empresas não encontra amparo nos dados disponíveis no Banco Central. Do começo do ano até junho de 2019, a carteira de crédito para microempresas caiu 13,62% e de pequenas caiu 9,18%.

Guimarães explicou que o foco da Caixa será pessoa física, crédito imobiliário e o financiamento de obras de infraestrutura com o objetivo de reforçar o caráter social do banco, o que repetiu diversas vezes durante a coletiva. “Não competimos com Bradesco, Itaú, somos um banco diferente, um banco social”. Segundo Guimarães faz parte desta estratégia a venda de ações da Petrobras.

Já sobre a venda de ativos, Guimarães informou que os preparativos estão avançando e que atualmente dependem de “aprovações internas”, a primeira venda a ocorrer será a da Caixa Seguridade e depois a da área de cartões. “As aberturas gerarão resultados multibilionários e serão usados para pagar o IHCD (Instrumento Híbrido de Capital e Dívida)”, disse.

O pagamento do IHCD também foi destaque da fala do presidente, que mais de uma vez afirmou que o pagamento é algo que não abre mão e pretende quitar até o fim do ano, apesar disso derrubar indicadores de eficiência, como admitiu o próprio presidente.

Desde o início do ano, a venda de ativos rendeu R$ 26 bi. No entanto, ativos, por definição, geram benefícios futuros, vendendo o que é lucrativo e diminuindo espaço no mercado, o que irá sobrar? Como a direção pensa a sustentabilidade da instituição? O presidente da Caixa tentou justificar essa estratégia dizendo: “queremos fazer poucas coisas e todas muito bem”.

Com a divulgação do balanço, Guimarães também anunciou que mais de mil novos pontos de atendimento serão abertos até março de 2020 para que todos os municípios do país tenham a presença da Caixa.

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