A campanha salarial deste ano foi traçada com vistas em dois pontos: o geral da categoria bancária – discutido em mesa de negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e que tratou os itens econômicos – e o específico – debatido com a direção da Caixa, que discutiu, prioritariamente, itens como criação de um novo Plano de Cargos e Salários (PCS) e um novo Plano de Cargos Comissionados (PCC), contratação de empregados, jornada de seis horas, extensão do auxílio e da cesta-alimentação para aposentados, isonomia entre novos e antigos trabalhadores, condições de trabalho, saúde e segurança bancária.
Depois da aprovação no País da proposta apresentada pela Fenaban, apenas os empregados da Caixa permaneceram em greve, na luta pela conquista de suas reivindicações em mesa específica de negociação.
Todo este processo culminou em um ponto-limite onde ou os empregados aceitariam a proposta apresentada pela Caixa e cessariam a greve ou seria julgado dissídio coletivo pela Justiça, já que estavam esgotadas todas as possibilidades de debates em mesa de negociação.
O movimento na Caixa começou forte, em 3 de outubro, quarta-feira. As negociações foram retomadas no dia seguinte. Os representantes dos empregados reafirmaram a disposição em continuar negociando e reforçaram os eixos importantes da campanha salarial deste ano. Colocaram também em discussão o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) nos moldes de 2006, acerto na curva salarial (tendo em conta os R$ 30 pagos no acordo de 2004), pagamento de um delta, extinção do mercado C, parcelamento de férias em 10 vezes, reavaliação da regulamentação da internet, empréstimo consignado com a menor taxa praticada pela Caixa no mercado, inclusão no acordo da garantia do Saúde Caixa para aposentados. Não houve avanço por parte da empresa.
Na sexta-feira, dia 5, durante rodada de negociação com os representantes dos bancários, a direção da Caixa ameaçou ajuizar o dissídio no Tribunal Superior do Trabalho (TST), como de fato o fez em 8 de outubro, caso os empregados não acabassem com o movimento paredista.
A audiência de conciliação foi marcada para 9 de outubro e a previsão era de que o julgamento acontecesse no dia 11.
Em 9 de outubro, a Caixa – pressionada por um movimento paredista forte, que não recuou mesmo após a ameaça de ajuizamento do dissídio – apresentou sua proposta: os mesmos itens oferecidos pela Fenaban, com pagamento linear da PLR: R$ 4.100 para empregados sem cargo de comissão e R$ 4.362,84 para os que detêm esses cargos (veja os demais itens na página 2).
O Comando Nacional – formado por representantes de diversas entidades sindicais de todo o País -, diante do ajuizamento de dissídio no TST e tendo claro que o oferecido tratava-se do limite do processo em mesa de negociação, orientou pela aceitação da proposta.
A experiência acumulada de julgamentos anteriores mostra que, em muitos casos, não se chegou nem a repor a inflação. Na maioria das vezes, as greves foram definidas como abusivas quando houve julgamento, dando às direções dos bancos um instrumento jurídico para represálias aos trabalhadores. Não existe legislação alguma que determine reajuste salarial, muito menos aumento real ou reposição da inflação. Além disso, a Justiça, normalmente, não interfere em cláusulas sociais nem PLR.
As negociações da campanha salarial fazem parte de um jogo. De um lado estava a direção da Caixa, disposta a acabar com a greve de seus trabalhadores. De outro, os empregados, aguardando uma proposta para retornar ao trabalho. A Caixa optou por jogar pesado. Também escolheu melhorar a PLR daqueles trabalhadores que eram a base do movimento.
Nas assembléias realizadas em todo o País, em 9 de outubro, os trabalhadores tinham duas opções: aceitar a proposta da Caixa e acabar com a greve ou continuar o movimento e deixar que o TST decidisse. Em São Paulo, por exemplo, quase 1.200 funcionários compareceram ao encontro. Mais de 70% votaram a favor da proposta. A aceitação também foi maioria no restante do País.
Mas todo esse movimento não acaba com o fim da campanha salarial. A proposta aprovada aponta muita luta pela frente: pela isonomia, pela garantia de construção de um novo Plano de Cargos e Salários, pela reavaliação de critérios para uso da internet, pela extinção do mercado C, entre tantas outras coisas. Ainda há muito a ser feito. Somente com a unidade de todos os empregados conquistaremos nossas reivindicações!

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