Milhares de trabalhadores participaram dos atos convocados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), CTB e Intersindical no domingo, 1º de maio. As atividades, organizadas em comemoração ao Dia Internacional do Trabalhador, tiveram como foco o repúdio ao golpe político em curso no Brasil e a defesa da democracia e dos direitos da classe trabalhadora. Dilma Rousseff foi eleita com mais de 54,5 milhões de votos. Derrubá-la sem que haja nenhum crime cometido não apenas é golpe como é um desrespeito com a maioria do eleitorado brasileiro.
O 1º de Maio foi marcado pelas manifestações contra a agenda neoliberal derrotada nas urnas. Além disso, toda essa turbulência política e econômica vivida pelo País nos últimos tempos trouxe consigo uma sombra que avança cada vez mais sobre os direitos trabalhistas. A preocupação se intensificou já quando o Congresso eleito em 2014 começou a apresentar sua agenda. De cara, a pauta da terceirização irrestrita tomou conta dos debates.
Inicialmente por meio do PL (Projeto de Lei) 4.330 na Câmara, que depois, no Senado, tornou-se o PLC (Projeto de Lei da Câmara) 30. A ideia é defendida pelo atual presidente do Congresso, Eduardo Cunha, e pode trazer grande degradação das condições de trabalho no País, inclusive na Caixa, já que sem as obrigações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os terceirizados costumam ser expostos a todo tipo de risco.
Outras propostas que levantam temor são a mudança da idade mínima para aposentadoria de 65 anos para homens e 60 para mulheres, fim do piso para benefícios previdenciários, fim da política de valorização do salário mínimo.
Mais um exemplo é o projeto conhecido como “Estatuto das Estatais”, criado como PLS 555. A intenção é que empresas de economia mista, como a Caixa, virem sociedades anônimas, o que acabaria com o caráter 100% público do banco.
"Quanto mais a democracia for abalada no País, maior a probabilidade de avanço destes projetos que atacam os direitos dos trabalhadores", lembrou o diretor-presidente da APCEF/SP, Kardec de Jesus Bezerra.
Caso se confirme o impeachment, o governo que assumirá já sinalizou que pretende privatizar “tudo” o que for possível. "Será a concretização da política de desmonte da Caixa e das outras estatais interrompida em 2002", explicou Kardec Bezerra.
"Temos de intensificar nossa luta contra o projeto neoliberal em defesa dos direitos dos trabalhadores de todo o País, inclusive dos bancários da Caixa", completou.