Quem desdenha quer comprar?
Está em curso uma campanha cujo roteiro já é bem conhecido pelos trabalhadores da Caixa.
Tão logo foi publicada a nota relativa à abertura de capital da Caixa em 22 de dezembro de 2014, porta-vozes do mercado financeiro posicionaram suas metralhadoras e iniciaram os ataques com publicações que desvalorizam a Caixa e o conjunto de seus empregados.
No jornal Valor Investe, publicação do Valor Econômico, artigo de 30 de dezembro de 2014 trata a abertura de capital como algo ‘sem noção da realidade’ e que, para isso acontecer, a Caixa precisa “apresentar resultados operacionais consistentes e adotar um sistema de governança corporativa robusta”.
Ao que parece, 75 milhões de clientes com contas correntes e poupança, além de ativos que ultrapassam a casa de R$1 trilhão, não caracterizam resultado consistente?! Nas matérias, destaque também às indicações políticas em vice-presidências da Caixa, sugerindo-se que tais indicações atestam a falta de profissionalismo do conjunto dos empregados.
Ademais, não são poucas as menções feitas pelas publicações a aspectos que, para o jornal, seriam negativos na condução da instituição. Destaca áreas em que a Caixa tem sido mais agressiva, não por acaso aquelas em que o setor privado tenta crescer ou recuperar fatias perdidas na crise de 2008. Não é à toa, portanto, que o periódico afirma que “Na contramão dos bancos privados, a Caixa cresceu fortemente em linhas de empréstimos de maior risco” e, ainda, “A grande exposição ao crédito imobiliário faz da Caixa um banco seguro, mas bem menos rentável depois dos ajustes”. Além disso, diz que um ponto a ser definido na hipótese de abertura de capital é a gestão dos programas e serviços de Estado, destacando FGTS, depósitos judiciais e loterias. Para o jornal, sem eles a Caixa não seria tão atrativa.
Por fim, nas publicações, conclui-se que a Caixa deve ser considerada boa alternativa ao investidor caso siga o caminho do Banco do Brasil e BB Seguridade, pois “as duas instituições têm política generosa de distribuição de dividendos, com um porcentual de 30% a 80% de lucro, respectivamente”.
Para o diretor-presidente da APCEF/SP, Kardec de Jesus Bezerra, está claro que o objetivo dos agentes de mercado, ao empreenderem esta campanha pela privatização da Caixa, é simplesmente, garantir seus lucros. “Ao abrir o capital da empresa, ela passa a se sujeitar à lógica de mercado, que é maximizar os lucros de seus acionistas. A prioridade, portanto, deixa de ser o interesse público para ser o privado, como observamos atualmente na Sabesp”.
A APCEF/SP tem feito este debate em suas publicações (edições 1.113 a 1.117 do jornal APCEF/SP em Movimento) em defesa da Caixa 100% pública e tem cobrado respostas do governo quanto ao posicionamento em relação a abertura de capital da Caixa.