Da Agência Fenae
Fenae alerta a Caixa sobre as consequências de se descumprir acordo e diz que ainda há tempo para empresa revogar a CI 107
A Fenae se dirige à administração da Caixa Econômica Federal para alertá-la do risco que representa para a democratização das relações de trabalho a adoção de medidas punitivas à utilização do direito de greve pelos trabalhadores, em defesa de suas reivindicações.
A retaliação a grevistas é um retrocesso histórico. E uma mácula no legado dos gestores que o perpetram.
É de se perguntar, então, a quem interessa manter vivo o confronto estabelecido durante a última campanha salarial, tendo como fator de desentendimento um assunto resolvido em exaustivas negociações entre as representações dos trabalhadores e da empresa.
Está suficientemente claro na Convenção Coletiva assinada em outubro, assim como no aditivo referente aos dias de greve, (re)negociado em novembro, que não há margem a entendimento de que a Caixa dispõe de respaldo legal para promover desconto de eventual saldo de horas não-compensadas no prazo previamente estabelecido.
Nenhum outro banco buscou subterfúgios para punir quem aderiu à greve. Não porque tenham se transformado em cordeiros, mas sim por terem entendido que lobos também precisam honrar a palavra quando a empenham.
Está aí a Justiça a sinalizar respaldo à tese de desrespeito ao acordado, defendida pelos sindicatos em ações nas Varas trabalhistas. Liminares que impedem a Caixa de descontar horas remanescentes de planos de compensação adotados por gestores locais, até 16 de dezembro, estão sendo concedidas por todo o País. Não há notícia de uma só que tenha sido negada até o momento. A perspectiva é também de vitórias em julgamentos de mérito.
Somando-se o custo e o desgaste dessa batalha judicial ao ônus político que a direção da empresa terá que assumir, torna-se ainda mais difícil de entender o que move a Caixa a alimentar essa atitude revanchista contra seus empregados, não admitindo o fato de ter sido levada pela força do movimento dos trabalhadores a ceder na negociação dos dias da greve. É reação típica dos que se pautam pela negação da democracia. E isto não combina com a política do governo a que esta diretoria é subordinada.
As representações dos empregados querem o fim da campanha salarial 2008, sem rescaldos. Querem seguir nas discussões com a empresa tendo por base os avanços alcançados durante o ano passado, como a implantação do novo PCS com retorno da promoção por merecimento, a criação dos comitês paritários na Funcef, a aprovação da mudança no Fundo de Revisão de Benefícios Saldados para acelerar a recuperação de perdas dos aposentados, entre outros.
A Caixa e seus trabalhadores têm grandes desafios pela frente. A sociedade espera respostas eficientes aos problemas que o País enfrenta em função da crise global. É hora de atitudes propositivas, mirando o futuro.
A diretoria da Fenae entende que ainda há tempo para se revogar a CI 107. É isto o que os 78 mil empregados da Caixa esperam.