A General Motors de São José dos Campos anunciou a demissão de 802 trabalhadores temporários. São contratos que não foram renovados e contratos rescindidos antes do tempo. A justificativa da empresa é que há um cenário previsto de vendas baixas por conta da crise que tomou conta do mundo e que, portanto, vai ter que reduzir a produção.
Acontece que as montadoras receberam uma série de incentivos por parte do governo, incentivos esses que incluem, segundo o “Estado de São Paulo”, “desonerar o IPI, aumentar o crédito via bancos oficiais para o financiamento de automóveis e liberar linhas de capital de giro do BNDES para as empresas”… Ou seja, o governo acabou financiando, de alguma maneira, as demissões.
Os principais atingidos pela crise financeira são os trabalhadores; o governo federal liberou, como uma resposta contra a crise, mais de um pacote de ajuda aos bancos e montadoras, pacotes estes cujo intuito, além de liberar crédito e fomentar o consumo, era, justamente, evitar demissões. Se a ajuda que o governo porventura liberar às empresas não vier condicionada com cláusulas sociais, incluindo a não-demissão dos trabalhadores, haverá efeito contrário: o dinheiro servirá somente para que as empresas equilibrem seus caixas, ou seja, o dinheiro público irá ajudar as empresas, quando poderia estar financiando outros projetos de maior envergadura social e maior alcance econômico para as populações carentes e a massa de trabalhadores que correm o risco de se depauperarem com esse cenário de crise.
O governo precisa assumir seu papel regulador da economia, mas não para salvar empresas em crise ou simplesmente para garantir os lucros capitalistas, mas sim para garantir que os trabalhadores tenham seus empregos e meios de sobrevivência, para garantir que o abismo que há entre as classes e na distribuição de renda no Brasil não se torne um buraco negro intransponível. Esse é o papel que o governo deve assumir. Não dá para seguir com a lógica de socializar o prejuízo e privatizar o lucro. Os prejuízos são ressarcidos com dinheiro público e o lucro não é revertido de nenhuma maneira para os trabalhadores que o produziram?
Se o governo não assumir esse compromisso social, o governo estará cometendo um erro fundamental e ao mesmo tempo uma escolha: o erro é o de não assumir sua face democrático-social e a escolha, a de defender o capital e não o trabalho.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos estudava a possibilidade de decretar uma greve exigindo a recontratação dos trabalhadores demitidos.
A APCEFSP se solidariza com os trabalhadores demitidos e apóia a greve pela readmissão dos mesmos.

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