A Contraf-CUT enviará nesta terça-feira, 31, correspondência à presidenta da Caixa Econômica Federal, Maria Fernando Ramos Coelho, solicitando esclarecimentos sobre o novo modelo de correspondentes bancários criado pelo banco. Com postos criados exclusivamente para a prestação de serviços bancários, a novidade pode se tornar um meio de precarização das condições de trabalho e salário dos bancários e fugir da regulamentação do Banco Central.

Segundo matéria da edição do jornal Valor Econômico publicada nesta segunda-feira, 30 de agosto, três novas unidades de correspondentes bancários serão inauguradas em São Bernardo do Campo pela empresa Transmarketing Transações, "com atuação nos mais diversos setores, da área de comunicação ao mercado de rastreamento de veículos." Os novos postos terão como finalidade exclusiva a atividade bancária, ao contrario do que acontece nos correspondentes até hoje existentes – em geral, lotéricas, padarias e outros estabelecimentos comerciais que se cadastram para oferecer alguns serviços bancários.

A reportagem descreve um dos novos postos: "Em uma estrutura separada por paredes de vidro blindado, contam com mesas para gerentes – e cadeiras para os clientes -, caixa e cofre." O jornal compara o modelo a uma "franquia" e aponta uma diferença crucial no novo parceiro da Caixa em relação aos anteriores: "(…) o modelo de correspondentes bancários equivalia, até então, ao de um segmento pulverizado. Cada loja ou farmácia funcionava, isoladamente, como um braço de serviços do banco ao qual está ligado. (…) No caso da Transmarketing, a empresa faz o trabalho de prospecção dos locais que apresentam demanda de serviços bancários, aluga espaços no comércio da região e monta toda a infraestrutura de atendimento."

Para Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT e empregado da Caixa, o modelo é uma incógnita. "O presidente da nova parceira da Caixa declarou ao Valor que cada unidade custará entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. Como quer expandir para 20 unidades somente em São Bernardo, o investimento pode chegar a R$ 2 milhões. Se os postos movimentarão dinheiro o bastante para dar lucro mesmo com esse investimento, não se justificaria a instalação de agências?", questiona.

Plínio avalia ainda que o modelo foge do objetivo traçado para os correspondentes na regulamentação do Banco Central – que já é alvo de críticas do movimento sindical bancário. "Para um pequeno comércio que se torna correspondente, a parceria com a Caixa não exige dele grande investimento, transformando-se em um bom negócio. A partir do momento em que o correspondente se torna um estabelecimento exclusivamente bancário, o investimento só se justifica se trouxer alto retorno financeiro, o que não ocorre em localidades realmente sem recursos ou muito afastadas", afirma.

"Além disso, certamente esses novos correspondentes representarão uma forma de precarizaçaõ das condições de trabalho de seus trabalhadores. A Transmarketing seguirá a Convenção Coletiva Nacional dos bancários, com jornada de seis horas, piso unificado, PLR e outros direitos?", questiona o dirigente. "Mesmo lotéricas e agências do Correio já foram autuadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que determinou que os trabalhadores que realizam serviços típicos de bancários cumpram a jornada de trabalho de seis horas, prevista na CCT. O mesmo deverá ocorrer com as novas unidades", lembra.

Fonte: Contraf-CUT

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