Fonte: Contraf-CUT

O Comando Nacional dos Bancários rejeitou já na mesa de negociação a proposta rebaixada e insuficiente apresentada pela Fenaban nesta quinta-feira 17, uma vez que ela não contempla as principais reivindicações da categoria. Os bancos propuseram a reposição da inflação (4,5% de reajuste), uma PLR inferior à do ano passado, nenhuma valorização dos pisos salariais e nem proteção aos empregos. Eles também negaram auxílio-educação e querem reduzir o auxílio-creche/babá de 83 para 71 meses.

Reunido após a negociação, o Comando Nacional decidiu encaminhar documento à Fenaban comunicando a rejeição da proposta e solicitando que apresentem nova proposta aos bancários até a próxima quarta-feira, 23, para ser avaliada nas assembléias de todo o país. Caso os bancos mantenham esta proposta rebaixada, o Comando orientará a deflagração de greve nacional por tempo indeterminado, em todos os bancos, a partir da quinta-feira dia 24.

"No momento em que vários setores da economia estão fechando acordos com aumento real de salário, é inaceitável que os bancos, os que mais lucraram no primeiro semestre, ofereçam apenas a reposição da inflação e uma PLR que é menor do que os bancários receberam no ano passado", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. "Além disso, os bancários deixaram claro à Fenaban que um acordo este ano passa por garantias de emprego, valorização dos pisos salariais e implementação de políticas que melhorem as condições de trabalho e de saúde, o que inclui o combate ao assédio moral e o fim das metas abusivas."

Apesar de rebaixada e insuficiente, a proposta da Fenaban apresenta dois avanços: ampliação da licença-maternidade de 180 dias e a isonomia de tratamento para homoafetivos, com a possibilidade de incluir parceiros do mesmo sexo nos planos de saúde. Os bancos também prometeram o agendamento de reuniões das comissões bipartites de saúde e de segurança.

A Fenaban reafirmou o programa de reabilitação profissional e uma política de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho, cuja redação não atende as reivindicações dos bancários. Os banqueiros reiteraram também a proposta de alteração da cláusula de estabilidade pré-aposentadoria, a exemplo do ano passado, o que é inaceitável.

No entanto, os bancos aceitam a inclusão de uma cláusula na convenção coletiva sobre o programa de valorização da diversidade, mas não entregaram a sua redação.

A proposta da Fenaban

Reajuste: 4,5%.

PLR

a) Parcela em número de salários: 1,5 salário reajustado limitado ao valor individual de R$ 10.000 e limitado a 4% do lucro líquido de 2009, o que ocorrer primeiro.

b) Parcela linear: 1,5% do lucro líquido, distribuído linearmente, limitado ao valor individual de R$ 1.500,00.

Condições: Os bancos que tiverem prejuízo em 2009 não pagarão PLR. O valor poderá ser compensado dos planos próprios de participação em lucros ou resultados.

Salário de ingresso

Portaria: R$ 673,71.
Escritório: R$ 966,20.
Caixa: R$ 1.252,03.

Salário após 90 dias
Portaria: R$ 738,00.
Escritório: R$ 1.059,25.
Caixa: R$ 1.1.80,24.

Anuênio: R$ 16,35.
Gratificação de compensador de cheques: R$ 93,13.
Auxílio refeição: R$ 16,63.
Auxílio cesta-alimentação: R$ 285,21.
13ª cesta-alimentação: R$ 285,21.
Auxílio-creche/babá: R$ 285,00 (até 71 meses).
Auxílio-funeral: R$ 549,89.
Ajuda de deslocamento noturno: R$ 57,39.
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto: R$ 81.998,61.
Requalificação profissional: R$ 819,52.

Veja as principais reivindicações dos bancários:

– Reajuste salarial de 10% (reposição da inflação mais aumento real).

– Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 3.850.

– Valorização dos pisos:
Portaria: R$ 1.432.
Escriturário: R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese).
Caixa: R$ 2.763,45.
Primeiro comissionado: R$ 3.477,00.
Primeiro gerente: R$4. 605,73.

– Auxílio-refeição: R$ 19,25.

– Cesta-alimentação: R$ 465,00 (um salário mínimo).

– 13ª cesta-alimentação: R$ 465,00.

– Auxílio-creche/babá: R$ 465,00.

– Fim das metas abusivas e do assédio moral.

– Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) em todos os bancos, negociado com as entidades sindicais.

– Contratação da remuneração total, inclusive a parte variável, com a incorporação dos valores aos salários e reflexo em todos os direitos (13º, férias e aposentadoria) – com o objetivo de acabar com as metas abusivas.

– Garantia de emprego, fim das terceirizações, mais contratações e aplicação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que inibe demissões imotivadas.

– Segurança contra assaltos e sequestros, com a retomada imediata da Comissão de Segurança Bancária, proibição ao transporte de valores pelos bancários e adicional de risco de vida.

– Auxílio-educação para todos.

– Ampliação da licença-maternidade para seis meses.

– Planos de previdência complementar para todos os bancários.

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