Da Contraf-CUT
O Comando Nacional dos Bancários entregou em 13 de agosto a pauta geral de reivindicações da campanha salarial de 2008, à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), e as pautas específicas ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal. A reunião foi realizada na sede da Fenaban, na capital.
“Estamos iniciando mais uma Campanha Salarial Nacional e esperamos que os bancos, que passam por um momento excepcional, como refletem os seus balanços, atendam às expectativas dos bancários, que é o principal ativo que o sistema financeiro possui” afirmou Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional, ao entregar a pauta de reivindicações ao presidente da Fenaban, Fábio Barbosa.
Vagner ressaltou a representatividade do Comando Nacional, a unidade da categoria na mesa única e a importância do processo de negociação direta. “Esperamos uma campanha dura e que os bancos atendam às reivindicações dos bancários na mesa de negociações” – insistiu o coordenador do Comando Nacional.
O presidente do Sindicato de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, reafirmou a estratégia de negociação com vistas à assinatura de uma Convenção Coletiva dos Bancários que englobe toda a categoria, em todo o País, como vem acontecendo desde 1992. “E também queremos mudar a dinâmica do processo de negociações, com a discussão por blocos temáticos, a exemplo do que ocorreu no ano passado.”
Fábio Barbosa, presidente da Fenaban, ao receber as reivindicações disse que é importante o diálogo na busca de uma solução que seja satisfatória para as empresas e para os bancários e destacou o que considera o papel dos bancos na economia: “Prestar serviços, rentabilizar a poupança nacional e oferecer crédito”.
Também presidente do grupo Santander/Real, Barbosa havia emitido o mesmo conceito em entrevista coletiva à imprensa durante o lançamento do Relatório Social dos Bancos, realizado pouco antes da reunião com o Comando Nacional dos Bancários.
• Banco do Brasil e Caixa
Após a entrega da pauta geral à Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários apresentou as listas de reivindicações específicas aos representantes do Banco do Brasil e da Caixa, que também estavam presentes na mesa única.
“Essas minutas são específicas e complementares à pauta geral da categoria” – frisou Vagner Freitas. “E este ano queremos que as negociações específicas com o BB e com a Caixa se desenvolvam simultaneamente à negociação da pauta geral. Isso é fundamental.”
• O que os bancários querem
As principais reivindicações aprovadas pelos 830 delegados presentes à 10ª Conferência Nacional são as seguintes:
– Aumento real
Manter a estratégia de conquista de aumento real dos últimos quatro anos, reivindicando 13,23% de reajuste (inflação mais 5% de aumento real).
– PCS para todos
Plano de Cargos e Salários para todos os bancários de todos os bancos, prevendo 1% de reajuste a cada ano de trabalho. A cada cinco anos, esse reajuste será de 2%. O banco é obrigado a promover o bancário pelo menos um nível a cada cinco anos.
Os bancos são obrigados a treinar o trabalhador para a nova função por no mínimo 60 dias, pagando o novo salário durante o período de treinamento. E quando houver uma nova vaga, o banco é obrigado a fazer um processo de seleção interna para preenchê-la. Para cada cargo e função o banco deve apresentar a grade curricular necessária e oferecer o curso aos trabalhadores dentro do expediente. Em caso de descomissionamento do bancário, a comissão será incorporada ao salário integralmente.
– Fim das metas abusivas
As metas serão definidas pela agência/departamento com a participação de todos os trabalhadores, levando em consideração também a abordagem ao cliente e o tempo para sua execução.
As metas serão obrigatoriamente coletivas.
A constituição das metas deverá levar em consideração a região, o porte da agência, o número de funcionários, a base de clientes e o perfil econômico local.
As metas serão regressivas proporcionalmente ao seu cumprimento.
As metas estabelecidas coletivamente serão adequadas no caso de afastamento, licença, ausência, férias de funcionários, etc.
As metas não serão aplicadas aos caixas.
Ficam proibidas quaisquer tipos de comparação dos resultados obtidos, elaboração de rankings ou classificação por desempenho individual, da agência ou por região.
– Pisos salariais
Aumento progressivo, em três anos, até atingir o piso do Dieese, atualmente estimado em R$ 2.074, sendo incorporado 50% da diferença entre o piso da categoria (R$ 921,49) e o piso do Dieese neste ano, 25% em 2009 e outros 25% em 2010. Desta forma, neste ano, o piso da categoria passaria a valer R$ 1.497,75 para escriturários, R$ 1.947,07 para caixas e tesoureiros, R$ 2.321,50 para primeiro comissionado, e R$ 3.369,93 para gerente
– Contratação da remuneração total
Distribuição de 5% da receita de prestação de serviços de forma igualitária entre todos os bancários. O pagamento deverá ser feito após a publicação do balanço trimestral. Além disso, 10% de toda a produção da agência deve ser distribuída entre os trabalhadores da unidade.
– Aumento da PLR
Os objetivos são elevar o valor da PLR e simplificar os critérios de distribuição: três salários mais R$ 3.500 para todos, sem limitador e sem teto.
– Vale-refeição
Aumentar o valor para R$ 17,50, de forma a compensar a inflação dos alimentos dos últimos 12 meses.
– Cesta-alimentação
R$ 415,00, o mesmo valor do salário mínimo. Além disso, os bancários reivindicarão a 13ª cesta-alimentação conquistada no ano passado.
– Auxílio-Creche
Deve ter o mesmo valor do salário-mínimo (R$ 415), com ampliação da idade para 8 anos e 11 meses e comprovação anual dos gastos.
– Novas conquistas
Auxílio-educação e a criação de um plano de previdência complementar fechado, com gestão compartilhada
– Emprego
Ratificação da convenção 158; defesa do emprego; cumprimento da jornada de 6 horas; contratação de mais funcionários, estabelecendo efetivo mínimo para o atendimento aos clientes
– Segurança
Instalação de portas de segurança em todas as agências bancárias, já no auto-atendimento; pagamento de adicional de risco de vida no valor de 40% do salário para funcionários de agências e PABs
– Eixos políticos
Defesa dos bancos públicos.
Ampliação do crédito produtivo para investimentos, principalmente agrícola.
Redução da taxa de juros.
Regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal (que estabelece o papel do sistema financeiro no País).