A política econômica que joga o país em profunda recessão desde 2015 se reflete nos resultados da Caixa, é o que reconheceu o próprio presidente do banco, Gilberto Occhi, na apresentação do balanço de 2016 nesta terça-feira, dia 28 de março.
Em 2016 a Caixa obteve lucro líquido de R$ 4,1 bilhões. Apesar de elevado, o montante representa queda expressiva (41,8%) se comparado ao ano anterior. Efeito semelhante, em menor proporção, foi observado entre os maiores bancos do País.
Destaque negativo para a retração na carteira de crédito. Para pessoa física ficou em – 1,0%. E na de pessoa jurídica o resultado foi de -7%.
Outra amostra desta retração é o crescimento menor na carteira de crédito da habitação. Em 2013 ela chegou a apresentar crescimento de 31,4%, 25,7% em 2014 e em 2015 o índice foi de 13,2%. Mas, em 2016, o número caiu para 5,6%.
PLR
Com isso, o impacto na distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) é grande, assim como era grande a expectativa gerada nos empregados a partir do pagamento da primeira parcela em 2016. Afinal, essa primeira parcela foi feita a partir de uma projeção de resultado bem acima do aferido de R$ 4,1 bilhões e, com a antecipação de 60%, agora a segunda parcela deverá ser modesta.
Desmonte
A contratação de mais empregados na Caixa continua fora dos planos do banco. Occhi enfatizou, durante a coletiva de imprensa sobre o balanço 2016, que a redução de custos é uma das prioridades de sua gestão e isso incluiu redução nos gastos com pessoal. Além do PDVE (Programa de Demissões Voluntárias Extraordinário), uma reestruturação faz parte deste objetivo. “Devemos fechar o PDVE com aproximadamente 5 mil adesões, a reestruturação é um estudo que está envolvendo diversas vice-presidências da caixa”, declarou. O presidente também confirmou que entre 100 a 120 agências – segundo ele, deficitárias – serão fechadas ou sofrerão fusão e remanejamento.
Marcos Jacinto, Vice-Presidente de Gestão de Pessoas, lembrou ainda da Ação Civil Pública, impetrada pelo Ministério Público do Trabalho da 10ª Região (Distrito Federal e Tocantins), que questiona a não contratação dos dois mil aprovados no concurso realizado em 2014 pela Caixa Econômica Federal. Jacinto declarou que a Caixa continuará recorrendo e que se ao final a decisão for pela contratação o banco a irá cumprir.
Caixa à venda
Sobre a venda ao mercado de serviços e áreas da Caixa, Occhi apenas respondeu que todo o processo ainda está em estudo. Já havia sido anunciada a intenção de realizar vendas das loterias instantâneas (raspadinhas), da área de seguros e da de cartões. “Não estamos falando de IPO (oferta pública inicial), em 2017 não haverá venda de ativos, mas vamos aguardar o melhor momento, o momento certo, não desistimos de nada”, assegurou.