A situação é comum na vida dos bancários: ser forçado a oferecer aos clientes cartões, títulos de capitalização, seguros, para bater a famigerada meta imposta pelo modo de gestão imposto pelos bancos. E também é rotineira para os clientes: receber ofertas de produtos pelos quais não têm interesse nem perfil para utilizar.

Diante desse quadro absurdo, Sindicato e Idec (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor) uniram-se em campanha que será lançada em 15 de março, Dia Mundial do Consumidor. O primeiro passo será o seminário Direitos dos Consumidores e dos Trabalhadores Bancários pela Venda Responsável de Produtos e Serviços Financeiros. Com a participação de representantes das duas entidades e de dirigentes dos organismos internacionais Consumers International e UNI Finanças Sindicato Global, o encontro tem por objetivo debater o problema e cobrar dos bancos a assinatura de uma carta com princípios de responsabilidade na venda de produtos financeiros e promoção de um assessoramento justo e transparente aos consumidores, além de promover ambiente de trabalho saudável aos seus funcionários.

Se as instituições financeiras tiverem visão, finalmente firmarão esse compromisso ao qual já se recusaram no ano passado. Afinal, em 2011, o setor conseguiu feito histórico: encerrar o ano na liderança do ranking de reclamações do Idec pela primeira vez em doze anos. As queixas – cobrança indevida, débito não autorizado, taxa de juros, renegociação de dívidas e venda casada de produtos financeiros – só crescem. No Banco Central aumentaram 43% entre janeiro de 2010 e de 2011. Só no primeiro mês deste ano subiram 12% em relação a dezembro passado. Não é diferente no Procon/SP, onde os bancos sempre figuram entre os campeões de reclamação.

Pressão
– Esses números são mais uma comprovação da pressão a que os bancários são submetidos diariamente e que já havia sido diagnosticada em pesquisa pelo Sindicato: situações de assédio moral e pressão por metas estão entre as maiores preocupações da categoria, levando o estresse a ocupar o primeiro lugar como o principal problema de 65% dos entrevistados. Mais da metade (52%) está sempre preocupada com o trabalho e com dificuldade para relaxar. Cansaço e fadiga constantes assolam 47% dos trabalhadores ouvidos.

“Bancários e consumidores são faces de uma mesma moeda: ambos sofrem com a política dos bancos. O bancário quando tem de vender, por exemplo, previdência privada num determinado período e, para isso, acaba oferecendo o produto para pessoas sem esse perfil. E o consumidor menos esclarecido quando adquire algo de que não necessita. Por isso queremos que os bancos assumam o compromisso de venda responsável”, afirma a coordenadora executiva do Idec, Lisa Gunn.

Cartilha – No dia 15, Idec e Sindicato lançam também cartilha que orienta os consumidores sobre os prós e contras dos principais produtos oferecidos pelas instituições financeiras – “as vedetes das metas”.

“Queremos promover o esclarecimento dos clientes e permitir que os bancários tenham como se proteger desse modo de gestão absurdo empregado pelos bancos, de forçar a venda de produtos com metas muitas vezes inatingíveis”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Os bancos devem cumprir um papel na sociedade de financiamento do setor produtivo, de colaborar com o desenvolvimento econômico responsável e sustentável. Comprometer-se com a venda responsável é uma boa forma que começar a trilhar esse novo caminho.”

Fonte: SEEB-SP

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