No primeiro trimestre de 2017, conforme pesquisa elaborada mensalmente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os bancos que operam no Brasil fecharam 7.092 postos de trabalho. A Caixa Econômica Federal foi responsável por mais da metade dos cortes, cabendo à empresa o total de 3.626 vagas a menos.
Os dados foram coletados pela Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), que usa como base os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O número de demissões representa um aumento de 289% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A redução de postos de trabalho ocorreu em todos os estados, exceto no Acre, onde não houve nem diminuição nem aumento do emprego. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro foram os estados mais impactados, segundo o levantamento.
Na avaliação da Contraf/CUT, os bancos compõem o setor econômico que mais lucra neste país, apresentando, com crise ou sem crise, lucros astronômicos ano após ano. É comum que ocorram situações em que, apenas com a cobrança de taxas de serviços dos clientes, os bancos consigam pagar toda a despesa com os funcionários e ainda sobra dinheiro, sem contar os lucros obtidos com papéis do Tesouro Nacional e outras transações financeiras altamente lucrativas. Isto, segundo a Contraf/CUT, demonstra que não existe motivo para a demissão de trabalhadores, pois com isso apenas aumentam a crise financeira.
Desmonte dos bancos públicos
Separados por segmento de atuação, a PEB da Contraf/CUT – Dieese aponta ainda que a Caixa Econômica Federal foi, sozinha, responsável pela maior parte dos postos de trabalho fechados no período, chegando ao total de -3.626 vagas. "Esse resultado é consequência direta da política de desmonte dos bancos públicos implantada pelo governo ilegítimo de Michel Temer", lembra Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae.
Ele opina que o desmonte da Caixa 100% pública, motivo de indignação, já é consequência de uma política de destruição da empresa e dos direitos dos empregados. "Trabalhadores e entidades representativas não vão ficar parados diante do processo de enfraquecimento gradativo do banco", reitera.
Jair Ferreira aproveita o momento para convocar os empregados da Caixa de todo o país a aderirem ao chamado da CUT para a Greve Geral da próxima sexta-feira (28). Nessa ocasião, segundo ele, os trabalhadores e as trabalhadores vão exercitar a resistência contra a reforma da Previdência, contra a reforma trabalhista, contra a terceirização irrestrita e em defesa de todos os bancos públicos.
No início do ano, no caso específico da Caixa, foi anunciado um Plano de Demissão Voluntária Extraordinário (PDVE). Desde o ano passado, porém, o banco vem implantando uma política de fechamento de agências consideradas inviáveis. Além do mais, o governo Temer também vem promovendo um desmonte em outros bancos públicos, a exemplo do Banco do Brasil e do BNDES. Em relação a isso, a Contraf/CUT é incisiva: “Isso não é reestruturação. É o desmonte dos bancos públicos. Estão abrindo mão da carteira de clientes e dando espaço para a atuação dos bancos privados. Trata-se, na verdade, de uma preparação para a privatização dessas instituições, que são vitais para o processo de desenvolvimento social e econômico do país”.
O estudo da Contraf/CUT – Diesse traz ainda algumas análises sobre os motivos das demissões, sobre a faixa etária dos demitidos e dos admitidos, o tempo de emprego dos demitidos e os salários por gênero sexual.
Uma constatação: a situação de fechamento de vagas no sistema financeiro nacional é vista como injustificável, devendo, portanto, continuar sendo combatida.
Fonte: Fenae.