A mesa de negociação realizada nesta quarta-feira, 19 de junho, entre a representação dos empregados (CEE) e os representantes da direção do banco, para tratar das demandas de assuntos relacionados a Pessoas com Deficiência (PcD) e de pais de PcD terminou, mais uma vez, frustrada pelas atitudes dos representantes do banco.

As discussões foram encerradas após a Caixa tentar vincular o atendimento parcial das demandas destes empregados a alterações no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), como o banco de horas e fracionamento de APIPs, que seriam aplicadas em prejuízo dos empregados como um todo.

Atualmente, a Caixa não atende à legislação, que garante aos pais de PcD redução na jornada de trabalho para possibilitar o acompanhamento de seus filhos em terapias e tratamentos, que são fundamentais para seu desenvolvimento; a lei também garante aos PcD e pais de PcD prioridade na alocação de vagas de teletrabalho. A direções do banco ignorou sistematicamente estes direitos, mesmo após ser provocada pelos sindicatos a estabelecer processos negociais para garanti-los, o que fez com que diversas entidades impetrassem ações judiciais, e, após enfrentar revezes no judiciário, os representantes da direção da Caixa apresentaram propostas insuficientes que, na verdade, buscam implementar retrocessos que já foram anteriormente rejeitados, como o banco de horas e o fracionamento das APIPs.

Além da tentativa de negociar direitos de todos os empregados, os itens trazidos pela direção do banco não atendem às reivindicações de PcD e de pais de PcD, pois itens como a priorização do trabalho remoto, possível flexibilização de jornada e redução de até 25% na jornada diária seriam aplicados após o empregado lançar mão de suas outras ausências permitidas previstas pelo ACT e após um escrutínio que inclui uma superexposição de sua vida pessoal e de seus familiares, para que reste comprovado à Caixa que não há parente vivo que possa assumir a responsabilidade pelos cuidados do filho PcD.

“Há muito tempo, a Caixa tenta impor banco de horas a todos os empregados. Nas mesas em que foi discutida a regulamentação do home office em 2021 e começo de 2022, os avanços em relação à marcação da jornada, de ajuda de custo e outros itens haviam sido condicionados à implementação do banco, o que foi rechaçado pelos empregados e, graças à Convenção Coletiva dos Bancários, conseguimos avançar no teletrabalho. Agora, os representantes da Caixa trazem o tema novamente, mais uma vez como forma de imposição e incluindo o fracionamento de APIPs. A postura da área de negociação coletiva permanece a mesma da época de Pedro Guimarães, com uma estratégia de criar divisões entre os empregados”, avaliou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros. “A intransigência da Caixa mostra que sua preocupação com os PcD e pais de PcD é nula, e demonstra que, na verdade, a direção enxerga estes momentos em que poderia avançar nas negociações como oportunidades de tirar direitos. A ata desta mesa de negociação é uma importante prova da conduta da direção, e pode ser juntada nas ações judiciais em andamento”, finalizou Leonardo.

Para Vivian Carla de Sá, que representa empregados de São Paulo na mesa de negociação e é dirigente do SEEB/SP e da Apcef/SP, a Caixa precisa estar aberta para, de fato, discutir soluções, e não apresentar itens apenas pro-forma ou que condicione a retirada de direitos: “Esperamos que a Caixa deseje de fato, junto com a representação dos empregados, ser vanguarda na conquista de direitos e na construção de uma sociedade que respeite, acolha e valorize a diversidade. Somente compreendendo que a comunidade precisa tratar de forma desigual os desiguais é que poderemos avançar, mas criar tantas dificuldades neste processo não é o caminho. Ao contrário, poderemos cair em constrangimentos e mais dificuldades para estas pessoas”.

Fechamento de agências – No início da negociação, os representantes dos empregados cobraram a representação da empresa de trazer à mesa o debate do fechamento de unidades, ressaltado que exigem garantias para os empregados. A Caixa ainda não marcou novas negociações.

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