No mesmo mês em que se comemora o Dia do Bancário (28 de agosto), a Caixa divulgou em seu balanço que o banco seria “a melhor empresa para trabalhar”, segundo avaliação de seus empregados.

No entanto, o balanço auditado informa que existem mais de 57 mil processos trabalhistas contra a instituição, com R$ 6,2 bilhões provisionados para perda e mais R$ 529 milhões baixados por pagamento somente no primeiro semestre de 2021.

O número é expressivo, e reflete uma forma de reação dos empregados contra os desmandos da alta administração da empresa. Quem acompanha o trabalho das entidades representativas dos empregados sabe que isto é apenas a ponta do iceberg. O cotidiano dos empregados é marcado por muita pressão e frequentes relatos de assédio e problemas nas condições de trabalho. A insatisfação é relatada pelos empregados às entidades, e tem aumentado constantemente.

Denúncias de assédio moral, condições de trabalho, carga excessiva de trabalho, descredenciamentos e suspensões no plano de saúde, falta de funcionários, descaso da gestão com os problemas do dia a dia, além de uma situação gravíssima com muitos bancários afastados por doenças psicossomáticas. Além disso, este ano, as mortes por Covid-19 aumentaram 176% com relação a mesmo período do ano passado, o que mostra que foi pior para bancários da Caixa do que para a média da população.

De fato, este momento do trabalhador da Caixa não reflete estar nem de longe a melhor empresa para se trabalhar.

Como se não bastasse, a direção do banco busca fragilizar direitos dos empregados da ativa e aposentados para ampliar seu lucro, como tenta este ano no Saúde Caixa e fez ano passado no Reg/Replan Não Saldado na Funcef, não quer implementar controle da jornada no teletrabalho, insiste em manter prestadores que não atendem às necessidades dos empregados, como na Verocard, o pagamento da PLR em valor menor que o negociado, etc.

“Se a Caixa ainda é uma empresa com vantagens com relação a média do mercado para seus trabalhadores, isso tem mais relação com a luta dos próprios empregados que mantiveram diversas conquistas em seu acordo específico, a despeito dos ataques da administração, como vimos com a CGPAR 25 e 23, para tentar ‘baratear’ a despesa de pessoal e deixar a Caixa atraente para privatizações. A Caixa pode ser o banco da matemática, mas precisa voltar a ser o banco das pessoas, não só para os empregados, mas acima de tudo cada brasileira e brasileiro.”

“Quando a direção da empresa desrespeita os direitos dos empregados, e não abre a possibilidade de diálogo com as entidades para resolver os conflitos causados por sua política, acaba restando aos empregados atuar coletivamente, organizando manifestações e greves, e recorrer ao Judiciário para buscar preservar seus direitos. O número de ações trabalhistas contra a empresa, portanto, é um indicador objetivo que da realidade, que confronta diretamente a afirmação feita pela administração do presidente Pedro Guimarães”, avalia o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.

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