Dólar nas alturas, gasolina em alta, carne dobrando de preço, desemprego e recessão. De uma maneira ou de outra, os brasileiros estão sofrendo na pele as consequências de uma crise econômica. Menos, é claro, os banqueiros, que simplesmente lucraram R$ 109 bilhões entre julho de 2018 e junho de 2019. Esse é o maior lucro nominal (sem considerar a inflação) em 25 anos, desde o lançamento do Plano Real, em 1994.
Enquanto isso, de janeiro a outubro de 2019, a diferença entre contratações e demissões apresentou um saldo negativo de 6.379 postos de trabalho. Os bancos contrataram 29.610 contra 35.989 demissões. E, detalhe: demitem os salários mais altos e contratam outros com salários mais baixos e com menos direitos, como demonstra estudo (confira aqui) feito pelo Dieese/subseção Contraf a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica, para a BBC Brasil, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil é mais que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (18,23% contra 7,68%, em 2014).
Na Caixa, houve um saldo positivo de 167 vagas,1859 admitidos contra 1692 desligados. “Depois de muita pressão a Caixa chamou parte dos concursados este ano, mas ainda insuficientes para suprir a carência de pessoal nas agências”, afirma Sérgio Takemoto, vice-presidente da Fenae.
Faixa etária
A abertura de empregos no setor se concentrou na faixa etária entre 18 e 29 anos, com a criação de 10.765 postos de trabalho, mas todas as faixas acima dos 30 anos apresentaram saldo negativo, com destaque para os que estão entre 50 a 64 anos, com fechamento de 9.799 postos de trabalho.
Desigualdade
Além de contratar com menores salários, os bancos tratam com desigualdade homens e mulheres. O estudo do Dieese mostra que as 13.575 mulheres admitidas no período de janeiro a setembro deste ano receberam em média 75,9% da remuneração média dos 16.035 homens contratados.
Desde 2013 os bancos acumulam saldo negativo de 66.985 postos de trabalho. Os piores saldos de 2019, até outubro, foram registrados no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.