Os bancários não arredam pé da luta contra a retirada de direitos. Desde as primeiras horas desta sexta-feira (10), dezenas de locais de trabalho em São Paulo, Osasco e região estão paralisados contra o desmonte trabalhista, a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer, que na prática acaba com a aposentadoria, e a volta do trabalho escravo.

Concentrações bancárias como o Vila Santander, o CA Brigadeiro do Itaú, a Nova Central, o Telebanco Santa Cecília e o Bradesco Prime da Paulista estão fechadas. A Caixa do Largo da Concórdia e o Complexo São João do Banco do Brasil tiveram a abertura retardada e os trabalhadores também estão na luta, assim como dezenas de agências nos centros novo e velho de São Paulo e na região da Paulista.

“Se havia alguma dúvida de que esse golpe foi contra os trabalhadores, essa dúvida deve ter acabado de vez. A partir do sábado 11, os direitos trabalhistas podem ser dizimados”, afirmou Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, em ato realizado em frente à Nova Central, do Bradesco, no Centro de Sã Paulo. “Quando foi eleito, em 2014, o pior Congresso Nacional da nossa história, com deputados e senadores na sua maioria representantes dos mais ricos, nós avisamos. Quando houve o golpe, nós avisamos. Agora estamos avisando: os trabalhadores precisam estar próximos de seus sindicatos e da luta por seus direitos, para resistir contra esse desmonte todo das conquistas que levamos décadas para alcançar. Tem muita luta pela frente. Os juízes do Trabalho não concordam com essa retirada de direitos. Nós entregamos um termo de compromisso aos bancos cobrando respeito à nossa CCT (Convenção Coletiva de Trabalho). E tem a luta em defesa dos bancos públicos e da aposentadoria. Só juntos, trabalhadores e sindicatos, teremos capacidade de resistir”, reforça a dirigente, convocando todos os bancários a participar.

Às 10h os bancários se dirigem à Praça da Sé para se somar às outras categorias profissionais no grande ato convocado pela CUT e pelas demais centrais.

A partir de sábado
As mudanças previstas na reforma trabalhista passarão a valer no sábado. Em todo o Brasil, estão acontecendo protestos e paralisações em reação à Lei 13.467/2017, que anulará uma série de direitos assegurados na atual Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A nova legislação irá alterar profundamente as relações de trabalho, abrindo possibilidade para aumento da jornada, redução de salários e enfraquecimento do poder dos sindicatos. Também possibilitará o trabalho intermitente, por meio do qual serão pagas somente horas efetivamente trabalhadas, independentemente do tempo à disposição, e sem direito a conquistas como 13º, férias e fundo de garantia.

A lei enfraquecerá o poder de negociação dos trabalhadores. Antes, os acordos e convenções coletivas só valeriam mais do que a lei se fossem melhores para o trabalhador. Direitos poderão ser rebaixados em diversos pontos como aumento da jornada de trabalho, redução do horário de almoço, Participação nos Lucros e Resultados, remuneração por produtividade e desempenho.

Outro prejuízo da nova lei é o fim da validade dos acordos coletivos até sua renovação (ultratividade). Os bancários, no entanto, estão com os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho garantidos até 1º de setembro de 2018, graças ao acordo com validade de dois anos conquistado após a greve de 31 dias em 2016.

O movimento sindical entregou à Federação dos Bancos (Fenaban), em agosto, Termo de Compromisso cobrando a manutenção dos direitos da categoria. O documento reivindica, entre outros pontos, a não contratação de funcionários terceirizados em atividades-fim. Mas até agora os bancos não apresentaram resposta. 

Campanha
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) iniciou, no dia 7 de setembro, uma campanha pela revogação da reforma trabalhista. A intenção é coletar 1,3 milhão de assinaturas para dar entrada no Congresso Nacional com um Projeto de Lei de Iniciativa Popular de revogação da reforma.

O Sindicato mantém um posto de coleta de assinatura em frente à sua sede (Rua São Bento, 413, Centro).

 

Fonte: Seeb/SP

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