Foi realizada nesta quinta, 6, audiência pública na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, para debater a redução do atendimento e dos serviços nos Correios, bem como a precarização do trabalho. O secretário-geral da Fentect – Federação Nacional dos Trabalha dores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares -, José Rivaldo da Silva, participou como expositor. Também estavam na mesa o presidente dos Correios, Guilherme Campos, e demais representantes da categoria.
"O momento é oportuno, já que o presidente da ECT prefere ir à mídia macular o nome dos Correios e abrir espaço para a concorrência, causando insegurança nos clientes", afirmou Rivaldo.
Guilherme Campos acusou, novamente, a queda do monopólio postal e o plano de saúde dos trabalhadores como responsáveis pela crise na empresa. Segundo o presidente da ECT, o plano de saúde da categoria representou mais de R$ 1 bilhão de prejuízo.
A informação foi rebatida pelo secretário-geral da federação, que informou que o benefício corresponde a cerca de 9% da receita dos Correios.
Sabe-se, também, que o monopólio ainda equivale a 50% dos serviços dos Correios. A tecnologia não substituiu por completo as atividades na empresa, que agrega, ainda, o Banco Postal e os serviço de Sedex, por exemplo.
Gastos exorbitantes – Além da falta de linearidade na administração da ECT, a empresa apresenta gastos cada vez mais incoerentes, como o repasse de quase de R$ 4 bilhões à União, como antecipação de dividendos; R$ 330 milhões investidos nas Olimpíadas; R$ 8 milhões com indicações de fora dos Correios; substituição de oito mil funcionários técnicos por apadrinhados; mudança da marca dos Correios por R$ 43 milhões, fora os gastos com indenizações – em 2014, R$ 82 milhões; em 2015, R$ 150 milhões e mais de R$ 200 milhões em 2016.
Como melhorar – Apesar de discordarem do prejuízo alegado, os representantes dos trabalhadores apresentaram medidas que podem ajudar os Correios, como a capitalização da empresa, com fluxo de caixa, aporte e suplementação orçamentária.
"Nada mais justo devolver o que foi levado a mais pelo governo", justificou o presidente da Associação de Analistas dos Correios, Jailson Mário Pereira.
Outra opção seria a fidelização do governo para que a logística dos órgãos públicos seja realizada pelos Correios. Atualmente esta responsabilidade é de empresas privadas do segmento.
Além disso, os representantes dos ecetistas ressaltaram é necessário honrar os empregados com os direitos trabalhistas adquiridos. E caso os ecetistas continuem perdendo, enfatizaram que haverá luta até a última esfera.
"Nós somos a matéria-prima e fazemos a empresa ao longo desses 354 anos. Vamos fazer aquilo que sabemos e continuar prestando bons serviços à população. No entanto, caso prevaleçam as propostas da empresa, vamos parar por tempo indeterminado a partir do dia 26 de abril, até que a ECT cumpra seu papel e nos chame para uma negociação efetiva", garantiu o secretário-geral da Fentect.
Frente Parlamentar – Parlamentares como o deputado Zé Geraldo (PT-AP), membro da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, e Maria do Rosário (PT-RS) destacaram a importância da empresa e da defesa dos trabalhadores. "Se há alguém que precisa ser ouvido e tratado com respeito, é o trabalhador. Mentiram para o brasileiro alegando que o Brasil precisava fortalecer a economia e gerar mais emprego, mas, desde que Michel Temer assumiu a presidência, tem gerado apenas desemprego", relembrou Zé Geraldo.
Já Maria do Rosário salientou números de eficiência da empresa nos últimos anos. "Resultados negativos não podem apagar resultados positivo de tantos anos. O índice de qualidade de entregas chegou a 90,9 em 2015, em 2016 subiu para 93,5. Ou seja, a cada 100 objetos postados, 93 são entregues no prazo. Os demais são entregues, mesmo fora do prazo", disse.
O presidente dos Correios se recusou a debater gestões passadas. Ele ainda falou em "ano decisivo para a empresa" e que há muitos interessados nos Correios, devido à atividade concorrencial. "Temos que fazer uma transição do mundo do monopólio para o mundo da concorrência", complementou Guilherme Campos.
Representantes da Comissão de Ciência e Tecnologia Comunicação e Informática (CCTCI) informaram que também será feito, em breve, convite ao ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, e ao presidente dos Correios para prestação de contas dos dados reais da empresa e toda a situação envolvendo os empregados da ECT.
Saiba como foi a audiência pública desta manhã, na Câmara dos Deputados: https://goo.gl/RdjPfL