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Em sua palestra, o especialista em organização do trabalho, professor da Unicamp e da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Heloani, falou no painel sobre Condições de Trabalho, Remuneração no primeiro dia da 16ª Conferência Nacional dos Bancários. O palestrante falou sobre a política, o estabelecimento de metas e a remuneração variável adotados pelas empresas e o fato de trazerem consigo os principais fatores responsáveis pelo assédio moral, que toma conta do mundo do trabalho atualmente.
“As formas como as empresas impõem a remuneração variável está causando a destruição do trabalho coletivo, pois faz com que um grupo torça para que os demais não se saiam tão bem, na criação de um sistema que divide os trabalhadores em vencedores e perdedores”, explica.

Roberto, ainda, alertou para uma visão equivocada sobre quem é o responsável pelo assédio moral, que é feito pela organização e não por apenas um indivíduo. “Não adiante trocas as pessoas. Muda-se o gerente, por exemplo, e dali há algum tempo o assédio volta a acontecer, pois o responsável é a instituição”, contou. 

As metas abusivas para a venda produtos leva ao sofrimento do trabalhador que muitas vezes é obrigado a abrir mão de valores ético-políticos, ao ter que, por exemplo, empurrar produtos aos clientes. Ele destacou, também, que a ideologia do produtivismo, em que a meta alcançada eleva o patamar da próxima, afeta a saúde mental, causa depressão e outros transtornos psíquicos: "O trabalho passa a ter uma dimensão virtual, o trabalhador não consegue perceber a os benefícios de seu trabalho para a sociedade".

A corrida por resultados precariza as relações de trabalho

Ainda no painel que tratou das Condições de Trabalho e Remuneração, o professor Ademar Orsi, doutor em Administração de Empresas pela FEA/USP, destacou as mudanças na organização do trabalho desde a década de 1970 e a administração atual das empresas regida pelo sistema financeiro.

Segundo ele, as empresas hoje querem resultados em curto prazo, o que gera uma precarização das relações de trabalho. A lógica do mercado tem efeito sobre a gestão da organização da empresa, que enxuga ao máximo o seu investimento, nos trabalhadores, por exemplo, para remunerar os acionistas, que simplesmente colocaram dinheiro no negócio e querem seu retorno rápido.
Ademar Orsi também reforçou, a partir de estudos acadêmicos, os problemas que trabalhadores, em especial os bancários, vivem no dia a dia, como a cobrança dos bancos por metas inalcançáveis, sem participação na definição do processo e organização do trabalho.

Outro problema levantando pelo professor é como as organizações empresariais vêm usando a disputa dos funcionários como método para alcance de resultados.

Para Ademar Orsi, a remuneração variável dos trabalhadores, formada por comissões sobre vendas, prêmios por produção e outras formas similares, poderiam ser usadas pelas empresas de maneira mais saudável, com participação dos trabalhadores.

Fonte: Rede de Comunicação dos Bancários
 

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