O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), entidades filiadas e movimentos sociais realizam um ato em frente ao BC (Avenida Paulista, 1.804) contra a independência formal ou legal do Banco Central, o que significa total liberdade frente às políticas governamentais, a partir das 15 horas desta quinta-feira, dia 2.
No mesmo dia haverá manifestações nos prédios do BC em outras nove capitais, como Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, “tornar o BC independente seria o mesmo que delegar à raposa o controle sobre o galinheiro”. “Estamos falando do mesmo mercado desagregador, incapaz de uma autorregulação mínima, como mostraram as crises econômicas de 1929 e 2008. Eles tiveram a liberdade a usaram para provocar o caos econômico que se alastrou, derrubou mercados e a economia de dezenas países. Milhares de empresas quebraram e milhões de pessoas ficaram desempregadas na Europa e nos Estados Unidos”, explica.
O assunto tem o apoio de importantes especialistas do segmento, como o ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglits. Para ele, é preciso estar atento aos perigos da medida. “Na melhor das hipóteses, essa posição é questionável. Na crise, os países com bancos centrais menos independentes como China, Índia e Brasil fizeram muito, mas muito melhor mesmo do que os países com os bancos centrais mais independentes, caso da Europa e dos Estados Unidos”, disse em palestre recente na sede do BC na Índia.
Outra preocupação dos movimentos sindical e social é a medida de diminuição do papel dos bancos públicos defendida, inclusive por alguns candidatos. Instituições como Banco do Brasil, Caixa e BNDS tiveram papel importante na evolução da economia brasileira nos últimos anos, principalmente, após a crise de 2008, quando os privados retraíram o crédito. Foram as instituições estatais que passaram a sustentar a oferta.
Um estudo do Dieese mostra que a participação relativa dos públicos no saldo total das operações de crédito da economia saltou de 36%, em janeiro de 2008, para 51% em dezembro de 2013, enquanto que os privados nacionais reduziram a oferta de 43% para 33% e os estrangeiros de 21% para 16%, no mesmo período.
“Essa atuação foi fundamental para o crescimento na última década. Não se avançaria como nos últimos dez anos sem o crédito disponibilizado pelos bancos públicos”, defende o economista da Unicamp, André Biancarelli. “Haveria crédito de longo prazo no país sem a atuação do BNDES, por exemplo? São questões a se pensar seriamente, até porque apontam para mudanças radicais que, uma vez postas em prática, não serão revertidas com facilidade”, alerta.