Na última sexta-feira (9), os empregados de uma agência na Grande São Paulo foram comunicados que teriam que realizar um treinamento de brigada voluntária de combate a incêndio. A formação da brigada e o treinamento dos brigadistas é obrigação dos empregadores, conforme previsto na Lei 6.514/77, NR 23, IT 17 e NBR 14276.

A forma com que a área de pessoas, vinculada à Vicop, encontrou para atender o quesito legal, porém, traz problemas aos empregados. Apesar da agência estar situada em município da Grande São Paulo, o local do treinamento é Ribeirão Preto, situado a mais de 330 quilômetros de distância da agência. O curso inicia às 8 horas da manhã do dia 16, inviabilizando que os empregados se desloquem à cidade e retornem às suas casas no mesmo dia.

Com todas estas condições adversas, o destacamento lançado pelos empregados é do tipo “A”: não há reserva de hospedagem ou emissão de passagens para os empregados “voluntários”, que são responsáveis por organizar esta logística. Para tanto, eles receberão um valor de R$ 176 para custear todas as suas despesas.

Somente um trecho de passagem rodoviária para Ribeirão Preto, partindo de São Paulo, custa mais de R$ 110. Uma hospedagem em hotel simples, sem café da manhã, considerando que o empregado precisará pernoitar e depois retornar à São Paulo, a despesa chega a quase R$ 400 por pessoa, sem considerar deslocamentos internos na cidade. Na prática, mesmo que haja reembolso de parte do valor de transporte (que pode não ocorrer), o valor da diária é insuficiente e o empregado acabaria absorvendo despesas que são de responsabilidade da empresa.

“Segundo informações que obtivemos, há uma ameaça da agência ser multada e, por isso, haveria a urgência de realizar o treinamento, mesmo em um local tão distante. A situação é cheia de absurdos, e mostram a falta de planejamento da direção, que é resultado da forma como a área de pessoas e de logística está organizadas atualmente. Não há estrutura suficiente para atender às unidades”, criticou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.

“Buscamos contato com a área de pessoas e de rede, junto com o Sindicato dos Bancários do ABC, para encontrar uma solução. É inadmissível que os empregados que, supostamente, são voluntários, tenham que desembolsar seu dinheiro para custear despesas referentes a uma obrigação legal da sua empregadora”, complementou Leonardo. “Também temos denúncias de prédios, alguns deles com centenas de empregados, sem brigada formada. Será que a direção está aguardando uma tragédia ou notificação dos órgãos fiscalizadores para cumprir suas obrigações? Não podemos esperar o improviso que tem marcado a direção, e vamos cobrar a imediata regularização”, concluiu.

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