Criada como forma de valorizar os trabalhadores por tarefas relacionadas com programas sociais, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) Social está sendo atacada pela Caixa. O pagamento da segunda parcela surpreendeu os trabalhadores. Os cálculos disponibilizados pela Caixa para tentar comprovar o valor da PLR prejudicou os trabalhadores. Em um cenário em que os empregados voltarão a fazer o pagamento do auxílio emergencial e atuaram com intensamente em 2020 para atender à população, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) afirma que a gestão da Caixa desrespeita seus empregados.
“Essa gestão da Caixa agiu com consciência para prejudicar os empregados da Caixa. Eles agiram de má-fé quando não especificou como estava pagando os 3%. Além disso, a Caixa só se manifestou após os questionamentos do movimento sindical e entidades associativas. Isso é má-fé”, afirmou o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.
Sem informar aos trabalhadores, a Caixa fez o pagamento com base na divisão linear entre todos os empregados de 3% do lucro líquido, e não de 4%, como determina o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente. A mudança no cálculo foi identificada pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (DIEESE). Desde a concepção da PLR Social, em 2010, são distribuídos 4%.
Uma das justificativas da Caixa, divulgada na última segunda-feira (29), considerou sete indicadores para o pagamento da PLR Social – Produtividade per capta, Conquiste Caixa, IEO, IC, ROE, Margem Operacional e Programas e Governo. Esses critérios nunca foram usados anteriormente. “Nenhuma direção da Caixa utilizou esses critérios para justificar o pagamento menor”, lembrou o presidente da Fenae.
Uma das maiores reivindicações dos trabalhadores durante a pandemia também foi usada contra os trabalhadores, as metas desumanas. A Caixa afirmou que os empregados não atingiram a meta da PLR e por isso o pagamento ficou em 3%.
“A Caixa desconsidera toda a dedicação e esforço dos empregados, principalmente a atuação dos trabalhadores durante a pandemia. Foram os empregados da Caixa que atenderam a população, fazendo o pagamento de todos os benefícios emergenciais, e ainda com a imposição de metas desumanas e do risco da Covid-19 “, ressaltou Takemoto.
A falta de respeito da direção da Caixa também foi destacada pela representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano. Para ela, a redução é absurda especialmente neste ano, quando os empregados da Caixa atenderam praticamente metade da população brasileira, expondo-se a riscos de contaminação e sob alta pressão da imprensa e da empresa. “E depois disso, receberem de prêmio uma diminuição justamente do valor da PLR que trabalha com esse conceito dos programas sociais”, afirmou. Ainda segundo Rita, ela cobrou, por meio de ofício ao presidente Pedro Guimarães esclarecendo o conceito dessa PLR e reivindicando o acerto do pagamento.
PLR Social – Uma luta dos empregados
A PLR Social é fruto da luta dos trabalhadores e das entidades representativas. A conquista aconteceu na Campanha Nacional Unificada de 2010, e foi uma forma de valorizar os trabalhadores por tarefas relacionadas com programas sociais do governo federal operacionalizados pelo banco público. Essa foi a primeira vez que uma gestão da Caixa desrespeita os trabalhadores alterando o pagamento da PLR Social.
“A PLR como é paga na Caixa é uma conquista importante dos empregados, que veio por meio das mobilizações nas campanhas salariais. Nós da Fenae, do movimento sindical e associativo temos lutado todos os anos para a manutenção dessa conquista. Não vamos admitir nenhum retrocesso”, destacou Takemoto.