A Central Única dos Trabalhadores (CUT), com outras centrais sindicais, convoca para 10 de maio, terça-feira, um Dia Nacional de Luta contra o golpe e em defesa dos direitos da classe trabalhadora. "Há uma agenda retrógrada por trás de todo esse movimento neoliberal, que ameaça nossos direitos e a Caixa Econômica Federal", explicou o diretor-presidente da APCEF/SP, Kardec de Jesus Bezerra.
Depois do Ponte para o Futuro, programa do PMDB que prevê ataques aos direitos trabalhistas, o vice-presidente Michel Temer anunciou o Travessia Social, projeto a ser implementado caso o golpe se concretize e o peemedebista assuma a Presidência da República. O plano a ser lançado vazou para a imprensa que divulgou, entre seus pontos, a defesa da privatização: "que o Estado deve transferir para o setor privado tudo o que for possível em matéria de infraestrutura".
"O projeto que defendemos é de fortalecimento dos bancos públicos e do seu papel social e não a entrega do nosso patrimônio ao mercado, o que arruinaria empresas como a Caixa", comentou o diretor da Associação.
• Um pouco de história
Os bancários da Caixa já conviveram com um governo neoliberal e não têm boas recordações dessa época. Fernando Henrique Cardoso foi presidente por dois mandatos consecutivos (de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002). Suas principais marcas foram a consolidação do Plano Real e a reforma do Estado brasileiro, com a privatização de empresas estatais,
Em 1994, a Caixa contava com 65 mil empregados e foi caindo ano a ano. No último ano de FHC, havia 55.691 bancários.
Foram 10 anos sem contratações, com reajustes muito abaixo da inflação – o INPC acumulado de 1995 a 2002 foi de 104,8% e o reajuste dos trabalhadores da Caixa no período somou apenas 28,3% -, marcados pela retirada de direitos, com a criação do técnico bancário. Trabalhadores que, apesar de executarem serviços bancários, não tinham acesso ao mesmo plano de saúde e de aposentadoria na Funcef, não podiam parcelar férias, não tinham direito ao Apip. Nesse período também foi criado o RH 008, norma que permitia a demissão sem justa causa de trabalhadores do banco.
"A Caixa estava sendo preparado para a privatização quando o projeto neoliberal foi derrotado nas urnas. Conseguimos reverter as medidas que afrontavam a categoria e tornar o banco o principal instrumento da política social do governo", recordou Kardec de Jesus Bezerra. Privatização nesse caso é sinônimo de incorporação de clientes e de saldo e dispensa de trabalhadores, como aconteceu no Banespa e em outros públicos.
"Estamos assistindo à retomada do projeto anterior. Temos de mobilizar-nos e lutar pela garantia do banco público", convocou o diretor-presidente da APCEF/SP.