Votação apenas pela internet nas eleições deste ano gerou insatisfação generalizada. Fenae já protocolou ofício questionando as mudanças em relação ao pleito anterior
Uma das novidades implantadas pela Funcef no regulamento eleitoral deste ano é o uso exclusivo da internet como plataforma de votação. Tanto na coleta das manifestações prévias de apoio, quanto no exercício do voto, os participantes só poderão utilizar os ambientes digitais da fundação. A medida gerou insatisfação generalizada. Entre os questionamentos, estão as alegações de que o regulamento é excludente, levará à diminuição do número de votantes e que a Funcef quer economizar justamente com a democracia.
A Fenae protocolou ofício junto à fundação questionando, entre outros pontos, o fato de que muitos participantes, especialmente os aposentados, tendem a ter acesso mais restrito às novas tecnologias de conectividade, como computadores pessoais, tablets e smartphones com acesso regular à internet. Além disso, as condições de acesso à banda larga nas diferentes regiões do país são muito variadas e os participantes de muitas localidades poderão ter mais dificuldade.
Segundo a Funcef, 8% dos votos foram realizados por meio telefônico nas eleições de 2016, o que equivale a quase seis mil eleitores, número equivalente ao total de participantes de estados como Santa Catarina, Goiás ou Pernambuco. Ao todo, 20 unidades federais têm menos de seis mil participantes.
“Muita gente ainda prefere usar o telefone como meio de votação. A Fundação dispõe de diversos canais de atendimento, mas na hora das eleições resolve restringir as opções. Se historicamente os índices de votação ficaram abaixo do esperado, desta vez, será pior ainda”, questiona a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.
Procedimentos cadastrais poderão dificultar a votação
Estima-se que somente 60 mil pessoas tenham cadastro na área de autoatendimento no site da Funcef. Desses, muitos passam períodos mais longos sem acessar a página e já tiveram problemas com a exigência de atualização de senhas. Hoje, considerando somente o aspecto cadastral, menos da metade dos eleitores teria condições de acessar o site e votar em apenas alguns minutos.
A Fenae chama atenção para o fato de que os processos de cadastramento, alteração de senhas e outros procedimentos podem levar tempo, ainda mais em um momento de alta demanda de acessos como o que certamente ocorrerá durante os dias de votação. “Imagine dezenas de milhares de pessoas tentando se cadastrar ou atualizar senhas ao mesmo tempo durante os três dias de votação. Muita gente acabará desistindo de votar devido ao mecanismo adotado”, afirma Fabiana.
Segundo o Relatório Anual de Informações da Funcef, o serviço telefônico (0800) realizou 124,5 mil atendimentos, quase uma ligação por participante, enquanto o Fale Conosco e o serviço de atendimento presencial nas diversas representações ao redor do país teve 205,6 mil protocolos. A Funcef informa que em 2016 ocorreu 1,86 milhão de visualizações na área de autoatendimento do site.
FENAE