A criação de uma frente ampla em defesa da soberania nacional e dos bancos públicos foi proposta pela governadora eleita do Rio Grande do Norte, senadora Fatima Bezerra, durante a sexta edição dos “Diálogos Capitais”, realizado nesta quinta-feira (6), em Natal, com o tema “Bancos Públicos sob ataque: desafios, riscos e perspectivas ”. O debate contou com a participação de diretores da Fenae e representantes das 27 Apcefs de todo o país que estão na capital potiguar participando da etapa final do Talentos Fenae 2018 e da reunião do Conselho Deliberativo Nacional (CDN) da Federação, além de lideranças sindicais e de movimentos sociais.
O evento é promovido pela Fenae em parceria com a revista Carta Capital, e já passou por São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Teresina (PI), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). Este último ocorreu nesta segunda-feira (3). Na edição potiguar, além da governadora eleita participaram também o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira; o senador Jean-Paul Prates e o sociólogo Jessé de Souza. O presidente da Associação Comercial e Empresarial do Rio Grande do Norte (ACS), Itamar Manso, convidado para participar das discussões, não pode comparecer por motivos de saúde. O debate foi mediado pelo jornalista e professor Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Daniel Dantas Lemos.
Nesta edição dos “Diálogos Capitais”, os debatedores abordaram dentre outras considerações o cenário desfavorável para as empresas públicas diante de um projeto ultraliberal, que deve ser adotado pelo futuro governo. Foram debatidas ainda alternativas de resistência e mobilizaçao para barrar as tentativas de privatização.
“O caminho é a construção de uma frente ampla em defesa da soberania nacional, da cidadania e dos direitos sociais. Unificar as forças progressistas, os movimentos sociais e populares”, destacou a governadora eleita do Rio Grande do Norte. Fatima Bezerra acrescentou ainda: “Os bancos públicos são patrimônios do povo. Podem contar conosco nessa luta, não tem sentido privatizar a nossa Caixa”.
O presidente da Fenae destacou a importância que os bancos públicos têm para os estados da região Nordeste. “No Rio Grande do Norte, por exemplo, 340 mil famílias recebem Bolsa família, não tem casa financiada por bancos privados, segundo dados do Banco Central. O atendimento no estado é feito essencialmente pela Caixa, Banco do Nordeste e Banco do Brasil”, citou.
Conforme Jair Ferreira, essa importante atuação está ameaçada por conta da onda privatista defendida pelo atual governo e pelo presidente eleito. “O atual governo quer licitar as loterias, hoje administradas pela Caixa, sem a participação do banco e quer reduzir de 40 para 16% os repasses dos recursos arrecadados com as loterias para os programas sociais. A população que mais precisa mais uma vez será prejudicada”.
Para o sociólogo Jessé de Souza é preciso fazer conexão entre economia e política para entender a atual conjuntura. Segundo ele, há um legado histórico que exclui os mais pobres. A desigualdade social do país foi provocada por uma elite nacional que não tem projeto a longo prazo de desenvolvimento e que está subordinada ao capital financeiro. Desse contexto, surgem ataques aos bancos públicos.
O senador Jean-Paul Prates defendeu a necessidade de desfazer argumentos falaciosos sobre os bancos públicos. “ Privatizar essas instituições significa vender o patrimônio público para o governo fazer caixa em detrimento das politicas de longo prazo para contemplar as pessoas que precisam galgar espaço na pirâmide social”, destacou ele.
No encerramento dos “Diálogo Capitais”, o presidente da Fenae entregou camisetas da campanha “Não tem sentido” à governadora eleita do Rio Grande do Norte.